sexta-feira, 4 de junho de 2021

OMS, Banco Mundial, FMI e OMC propõem plano de US$ 50 bilhões para encerrar a pandemia


 FMI, Banco Mundial, OMS e OMC defenderam esforço para melhorar o acesso à vacinação para chegar mais rápido ao fim da pandemia| Foto: BigStock


OMS, Banco Mundial, FMI e OMC propõem plano de US$ 50 bilhões para encerrar a pandemia


Por Helen Mendes

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Os líderes do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgaram um plano para aumentar o acesso global às vacinas da Covid-19 e encerrar a pandemia mais rapidamente. Em um comunicado publicado em vários jornais pelo mundo na terça-feira (1º), os dirigentes apelaram aos governos das nações mais ricas que promovam ações de financiamento e também doem mais vacinas aos países mais pobres. As doações serviriam não apenas para melhorar a distribuição global de vacinas, como também para evitar o surgimento de novas variantes do coronavírus e a necessidade de mais restrições da pandemia em todo o mundo.


As organizações estimaram que investimentos adicionais de US$ 50 bilhões podem encerrar a pandemia mais rápido nos países em desenvolvimento, reduzir as infecções e a perda de vidas, acelerar a recuperação econômica e ainda gerar retornos econômicos de cerca de US$ 9 trilhões em produção global adicional até 2025. O apelo para o esforço coletivo e uma ação global coordenada tem base em um estudo anterior do FMI.


"Todos saem ganhando", dizem os líderes, que calculam que cerca de 60% desses ganhos iriam para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, e os 40% restantes beneficiariam o mundo desenvolvido - além dos "benefícios inestimáveis para a vida e a saúde das pessoas".


"Tornou-se bastante claro que não haverá uma recuperação ampla da pandemia de Covid-19 sem o fim da crise de saúde", afirma a nota conjunta. "O acesso à vacinação é fundamental para ambos". A carta foi publicada em preparação ao encontro do G7 no Reino Unido na semana que vem.


Nesta sexta-feira (4), Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, deve apresentar o plano de expansão da vacinação durante um encontro de ministros de Finanças do G7 em Londres.


O que precisa ser feito

O FMI e o Banco Mundial já haviam alertado, no ano passado, que a pandemia iria atrasar o progresso dos países mais pobres, agravando a pobreza. Agora, as entidades dizem que a falta de acesso às vacinas irá prolongar a pandemia.


Em primeiro lugar, é preciso vacinar mais pessoas mais rapidamente, dizem os líderes. A OMS e a sua iniciativa Covax têm a meta de vacinar cerca de 30% da população em todos os países até o final deste ano. O grupo afirma que essa meta pode aumentar até 40%, com novos acordos e investimentos, e até pelo menos 60% até a metade de 2022.


Para alcançar esses números, seriam necessários investimentos adicionais a países de baixa e média renda, principalmente em forma de subsídios e concessões, além da doação imediata de doses aos países em desenvolvimento.



Em segundo lugar está a redução do risco de surgimento de novas variantes do coronavírus que podem provocar a necessidade de doses de reforço. Para isso, é preciso aumentar a capacidade de produção de vacinas e diversificar a produção para outras regiões.


Em terceiro, o aumento imediato de testagem e rastreamento de contatos, suprimentos de oxigênio, produtos terapêuticos e medidas de saúde pública. O grupo pede ainda que os membros da OMC acelerem as negociações para uma solução pragmática sobre a propriedade intelectual das vacinas.


Distribuição global de vacinas

Mais de 2 bilhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus já foram aplicadas em pelo menos 176 países, segundo monitoramento da Bloomberg. A quantidade seria suficiente para imunizar 13,2% da população do planeta. Porém, a distribuição global está longe de ser proporcional, já que os países e regiões mais ricos estão vacinando até mais de 30 vezes mais rápido do que as nações de menor renda.


Para ilustrar a diferença de acesso às vacinas, o levantamento da Bloomberg aponta que os 27 locais mais ricos têm 28,6% das vacinações, embora tenham apenas 10,4% da população mundial.


Os Estados Unidos, por exemplo, têm 4,3% da população mundial, mas 15,2% de todas as vacinas contra Covid no mundo foram aplicadas no país norte-americano.

As nações de baixa renda receberam juntas menos de 1% das vacinas até o momento. De acordo com um relatório recente da Rockefeller Foundation, metade dos americanos e um quarto dos europeus já receberam pelo menos uma primeira dose de vacina, enquanto apenas 14% das pessoas na América do Sul, 4,8% na Ásia e 1,2% na África já estão vacinadas ao menos parcialmente. Com o ritmo atual de vacinação no mundo, levaria mais de um ano para que houvesse imunidade global capaz de conter os contágios. A nota do FMI, OMS, OMC e Banco Mundial afirma que uma pandemia de duas rotas está se formando; com os países ricos tendo acesso a vacinação e os mais pobres deixados para trás.


"Enquanto algumas nações mais prósperas já estão discutindo campanhas de doses de reforço para suas populações, a vasta maioria de pessoas em países em desenvolvimento - mesmo trabalhadores da linha de frente - ainda não receberam sua primeira dose", afirma o grupo quadrilateral, que diz ainda que as consequências da vacinação desigual são negativas para todos, mesmo para os países com vacinação avançada.


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