quarta-feira, 5 de maio de 2021

Inquérito COVID-19 do Brasil revelou a fé cega de Bolsonaro na cloroquina


 Inquérito COVID-19 do Brasil revelou a fé cega de Bolsonaro na cloroquina

Maria marcello


O ex-ministro da saúde do Brasil disse em um inquérito parlamentar na terça-feira que o governo de direita do presidente Jair Bolsonaro sabia muito bem que o tratamento que defendiam para os pacientes com COVID-19 não tinha base científica.


Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido em abril passado pelo Bolsonaro por não concordar em promover a cloroquina como um tratamento para o COVID-19, testemunhou perante um inquérito parlamentar sobre o manejo da pandemia que matou mais de 408.000 brasileiros.


A investigação do Senado deve prejudicar politicamente o presidente 17 meses antes das eleições, ao mostrar ao país que sua oposição aos bloqueios e medidas de distanciamento social, seu fracasso em garantir vacinas e a propaganda de tratamentos não comprovados aprofundaram a crise em que o Brasil se encontra.


"Eu avisei Bolsonaro sistematicamente sobre as consequências de não adotar as recomendações da ciência para combater o COVID-19", disse Mandetta à comissão.



O ministro disse que foi chamado para uma reunião de gabinete com o presidente, onde havia um plano para mudar as indicações oficiais de uso do antigo medicamento antimalária para dizer que ele poderia ser prescrito para COVID-19.


Antonio Barra Torres, presidente da agência reguladora de saúde do Brasil, Anvisa, que também esteve na reunião, disse que isso não poderia ser feito.


"O governo estava ciente de que estava prescrevendo cloroquina sem nenhuma evidência científica", disse Mandetta.


O Presidente do Brasil Jair Bolsonaro participa de cerimônia de promoção de generais das Forças Armadas, no Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, 8 de abril de 2021. REUTERS / Adriano Machado

O Brasil tem o maior número de mortes no mundo por COVID-19, depois dos Estados Unidos, e o terceiro no total de infecções por coronavírus, depois dos Estados Unidos e da Índia.



O país sul-americano tem tão poucos estoques de vacinas que várias grandes cidades não conseguiram administrar as segundas doses. Algumas enfermarias de terapia intensiva ficaram sem oxigênio e medicamentos necessários para sedar pacientes com COVID-19 intubados.


Os Estados Unidos estão trabalhando para dar ao Brasil acesso a US $ 20 milhões em medicamentos usados ​​para pacientes que precisam de assistência respiratória mecânica. Os medicamentos virão do estoque estratégico do governo dos Estados Unidos e serão entregues em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde, informou a Casa Branca nesta terça-feira.


A investigação do Senado chamou outros ex-ministros da saúde, incluindo o general Eduardo Pazuello, que foi escolhido por Bolsonaro depois que dois ministros foram destituídos por não apoiarem seu plano de tratamento com cloroquina.


A defesa da cloroquina por Bolsonaro refletiu o lobby do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump para o uso da droga relacionada hidroxicloroquina como tratamento COVID-19, apesar da falta de evidência científica de qualquer benefício para esses pacientes.



Reuters.

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