quinta-feira, 22 de abril de 2021

Bolsonaro, do Brasil, sob pressão dos EUA, jura neutralidade climática até 2050


 Bolsonaro, do Brasil, sob pressão dos EUA, jura neutralidade climática até 2050



De Jake Spring, Lisandra Paraguassu




BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou na quinta-feira suas metas ambientais mais ambiciosas, dizendo que o país alcançaria a neutralidade das emissões até 2050 em resposta às demandas do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por uma ação climática mais forte.


O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participa de uma cúpula virtual do clima global por meio de um link de vídeo em Brasília, Brasil, em 22 de abril de 2021. Marcos Correa / Presidência brasileira via REUTERS

Falando em uma cúpula de líderes mundiais convocada por Biden para o Dia da Terra, a promessa de Bolsonaro aumentaria a meta anterior de atingir emissões líquidas zero em 10 anos.


Bolsonaro procurou se alinhar estreitamente com os Estados Unidos sob o ex-presidente Donald Trump, que não criticou a política ambiental do Brasil, apesar de um grande aumento no desmatamento da floresta amazônica e incêndios.


O governo Biden parece ter forçado um realinhamento nas relações ao colocar o meio ambiente no centro das negociações diplomáticas Brasil-Estados Unidos nas últimas semanas.


Na quinta-feira, Bolsonaro prometeu dobrar o financiamento para os esforços de fiscalização ambiental em uma aparente reversão da política.


O presidente já havia protestado contra a fiscalização ambiental e enfraquecido ainda mais as agências ambientais, cujos orçamentos e funcionários já vinham diminuindo há anos.



Não estava claro como o Brasil pagaria pela aplicação adicional, com o orçamento de 2021 quase concluído e Bolsonaro enfrentando um prazo na quinta-feira para assiná-lo.


“Esse financiamento está sendo definido agora por ocasião da aprovação do orçamento, em conjunto com o Congresso”, disse o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em coletiva de imprensa após o discurso de Bolsonaro, sem dar maiores detalhes sobre o processo orçamentário.


Salles repetiu uma exigência anterior de US $ 1 bilhão por ano em ajuda externa para os esforços de fiscalização ambiental do Brasil.


Ambientalistas disseram estar céticos quanto ao fato de Bolsonaro cumprir as promessas, dadas suas críticas anteriores aos esforços de conservação e pedidos para desenvolver reservas indígenas protegidas.


“O governo faz promessas totalmente vazias”, disse Marcio Astrini, chefe do grupo ambientalista brasileiro Observatório do Clima.



O desmatamento na porção brasileira da Amazônia aumentou sob o governo de Bolsonaro, atingindo um pico de 12 anos em 2020, com uma área 14 vezes o tamanho da cidade de Nova York destruída.


Bolsonaro repetiu o compromisso feito na semana passada de acabar com o desmatamento ilegal até 2030, acrescentando que isso reduziria as emissões de gases de efeito estufa do país em cerca de 50% até essa data.


Bolsonaro pediu apoio internacional para os esforços climáticos do Brasil, apresentando um tom um pouco mais conciliatório do que em seus comentários públicos anteriores, que disse aos países estrangeiros para ficarem fora dos assuntos ambientais do país.


“Com este espírito de responsabilidade coletiva e destino comum, convido-os mais uma vez a nos apoiar nesta missão”, disse Bolsonaro.


Reportagem de Jake Spring e Lisandra Paraguassu; Edição de Lisa Shumaker

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