sábado, 10 de dezembro de 2016

Entenda de vez a crise no Brasil (+ 3 dicas para superar)





Entenda de vez a crise no Brasil (+ 3 dicas para superar)

A crise no Brasil é assunto o dia todo, todos os dias.

O governo põe a culpa na crise internacional. A oposição, no governo. A mídia culpa qualquer um, desde que dê Ibope.

Dos três, a mais inconstante parece a mídia, que navega conforme o vento: apoia medidas faraônicas do governo, quando lhe interessam (como a Copa do Mundo de 2014) e depois, se a situação muda, simplesmente desconversa.

http://carteirarica.com.br/crise-no-brasil/


Enfim, melhor analisarmos somente os argumentos do governo e da oposição e ver a parcela de culpa internacional e a parcela que se refere à má gestão.

No final do artigo, ainda damos algumas sugestões para que você tire algum proveito dessa situação a que chegamos.

Os BRICs
A expressão BRIC surgiu em 2001 para se referir a países que despontavam com alto potencial de crescimento (posteriormente, o termo incorporou o “s” da África do Sul):

Brasil, o celeiro do mundo;
Russia, o botijão de gás do mundo;
Índia, o call-center (em inglês!) do mundo;
China, a grande chaminé fabril do mundo.
Veja bem, estar na lista não significa o país ser desenvolvido. Pelo contrário, México e Coréia do Sul ficaram de fora justamente por serem considerados mais desenvolvidos que os quatro. Estar na lista significa: ter uma imensa população (e por isso, um mercado interno promissor), alto nível de integração ao comércio mundial e infraestrutura suficiente para receber capitais externos ou grandes riquezas naturais.

Basicamente, eram países subdesenvolvidos, que tinham potencial de crescimento. Crescimento que se concretizou ao longo de mais de uma década, puxado, principalmente, pela China que crescia as taxas superiores a 10% ao ano.

china
fonte: Wikipedia
Por que o fôlego acabou?

Três fatores foram desconsiderados nas projeções de crescimento chinês à taxa infinita de 10%:

Parte do crescimento chinês se deve à simples urbanização. Em outras palavras, mesmo que um país não produza nada além do que produzia antes, só pelo fato de um serviço que antes você mesmo fazia, passar a ser contratado, passa a integrar as estatísticas econômicas. A urbanização se estabilizando, esse “crescimento” diminui;
O crescimento da base de comparação. Crescer 10% de 10 é fácil, basta produzir 1 a mais. Mas para crescer 10% de 50, é necessário produzir 5! Em outras palavras, quanto mais o país se desenvolve, menores suas taxas de crescimento;
Atividade econômica “forçada” pelo planejamento estatal. Parte do crescimento econômico chinês se deve a construções de grandes cidades-fantasmas, além de outras obras estatais realizadas somente para ocupar a população. Sim, planejamento econômico estatal muito forte acaba nessas aberrações.
O Brasil nessa história

Agora a economia chinesa resolveu crescer à módica taxa de 4 ou 5% ao ano e os preços das commodities que o Brasil envia para a china despencaram do precipício.

Veja nesse gráfico a pauta de exportações brasileiras:



Em primeiro lugar, a China “monopoliza” as exportações brasileiras, sendo responsável por 15% das exportações nacionais. E o que é enviado para a China? Soja, minério, petróleo, celulose e açúcar.

Em dólares, o preço da soja caiu, o do petróleo caiu pela metade, o do minério, nem se fala:

minério

Essa é a parcela de “culpa” internacional da crise no Brasil. Em outras palavras, tudo o que o Brasil produz, simplesmente não tem mais valor, ou, o preço anterior estava sobrevalorizado.

E o governo tem culpa?

Colocar a culpa no exterior e sair pela tangente é uma ótima estratégia. Mas depende de quem ouvir acreditar.

Se a culpa fosse só da crise internacional, países com pauta de exportação como o Peru estariam em situação idêntica à brasileira. Mas por que não estão? Por que a cotação de Real/Sol peruano foi de 0,80 a 1,23, ou seja, uma valorização de 50% do sol perante o Real no último ano, se o Peru exporta a mesma coisa que o Brasil?

Tem algo de estranho no ar, não tem?

Segundo os liberais, o governo deve manter um Estado enxuto controlando a economia somente pela política monetária. Segundo os keynesianos, o governo deve poupar nas épocas de fartura e gastar na época de recessão, para amenizar o impacto da queda da economia. Mas o governo não fez nem um, nem outro. Gastou tudo enquanto havia, típico de brasileiro.

O que o governo brasileiro fez?

1 O primeiro erro foi esse: tentar colocar o país em um modo “turbo”, gastando tudo o que podia e não podia na época de fartura. Agora a recessão veio e não há dinheiro, justo quando ele é mais necessário.

O paralelo nas finanças pessoais é aquele que recebe um aumento salarial e compra um carro novo, faz viagens exuberantes, etc. Depois é mandado embora e aquele dinheiro faz uma enorme falta.

O governo estava no grupo daqueles que fizeram projeções de crescimento chinês infinito e, com base nessa loucura, simplesmente convocou a festa:

Gastança no serviço público (você já viu nosso artigo sobre os juízes?),
Na previdência com o aumento do mínimo, no Bolsa isso/Bolsa aquilo;
Desonerações além do que poderia conceder sem colocar as finanças em risco;
Obras que nada contribuem para a população, como estádios para Copa do Mundo, Olimpíadas, a Transposição do São Francisco e por aí vai.
2 Não apenas se acomodou, como deixou o real ficar sobrevalorizado (poderia ter comprado dólares com o dinheiro que poupasse) e deixou setores nacionais como a indústria sofrerem e até fecharem.

Tudo bem que os países europeus estão enviando suas fábricas para a China, tirando a poluição da própria terra e produzindo mais barato. Mas raras são as empresas brasileiras que mandaram parte de suas fábricas para fora (Marcopolo, Arezzo, etc.), a maioria não fecha aqui para abrir lá, a maioria simplesmente fecha.

Como resultado, o governo incentivou a produção justamente daquilo que era mais dependente: das commodities agrícolas e do minério! Se incentivasse a exportação da indústria leve e de ponta ou o setor de serviços, não teríamos o atual problema (a Embraer continua sendo a exceção das exceções).

Isso tudo só amplificou o tombo, que viria quando o preço das commodities se retraísse.

3 Não bastasse isso tudo, o governo segurou artificialmente a inflação. O controle dos preços administrados para segurar a inflação, por si só, foi uma bomba.

Por que? Porque passada a eleição, o governo percebeu que a situação estava ficando insustentável (principalmente do setor elétrico) e foi obrigado a liberar a inflação represada.

Enfim, justo agora, que a atividade econômica está retraindo e seria necessário reduzir juros para incentivar a economia, o governo tem que fazer o contrário, aumentá-los para conter a inflação! Isso leva a mais recessão.

Enfim, há parcela de culpa internacional, mas pode o governo dormir tranquilo nessa hora? Creio que não.

E eu, o que posso fazer?
Dizem que o ideograma japonês para crise é o mesmo de oportunidade. Mesmo que não seja verdade, é um dito que já se consolidou. Vamos a rápidas dicas:

Pequeno empresário

Talvez você tenha feito como o governo e deixado seus gastos expandirem além do necessário durante a época de fartura. Hora de deixar a comodidade de lado e passar em vista todos os gastos de sua empresa para cortar aqueles supérfluos com os quais você foi conivente nos últimos tempos. Talvez seja hora de pensar em novos nichos.

Empregado

Acomodou-se também e agora está com o risco de demissão? Volte a investir no seu network, que andava meio esquecido. Atualize seu currículo ou seu portfólio, coloque a pasta debaixo do braço e bata em algumas portas. Faça um bom perfil no Linkedin, e não deixe esses contatos esfriarem. Mesmo que não apareça nada por agora, faça com que se lembrem de você no futuro.

Desempregado

A situação é mais complicada se você tiver dívidas. Se não tiver, talvez seja a hora de investir o acerto que você receber em um novo negócio. Mas cada caso é um caso.

Quem não tem problemas?
Engraçado como a crise é capaz de, inclusive, alavancar os lucros de alguns setores. Quer exemplos? Os escritórios de advocacia trabalhista (afinal, há muitos acertos de contas), as lojas de consertos de roupas e celulares e algumas que vendem produtos usados, já que, na crise muita gente substitui o novo por uma “guaribada” no usado.

O importante mesmo é ter uma mentalidade voltada para o sucesso. Assim você simplesmente sai de qualquer crise em uma situação melhor do que antes. Se o seu interior for inabalável, não será uma marolinha que o derrubará!

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