domingo, 10 de janeiro de 2016

"O nome de Deus é Misericórdia": «Primeiro livro» do papa Francisco sai em janeiro







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"O nome de Deus é Misericórdia": «Primeiro livro» do papa Francisco sai em janeiro

A editora italiana Piemme anunciou que em janeiro vai lançar aquele que qualifica de «primeiro livro» do papa Francisco, resultante de uma conversa com Andrea Tornielli, jornalista do diário transalpino "La Stampa" e responsável pelo sítio "Vatican Insider".

Em "O nome de Deus é Misericórdia" «Francisco dirige-se a cada homem e mulher do planeta num diálogo simples, íntimo e pessoal. O papa fala do tema da misericórdia, tão central no seu ensinamento e no seu testemunho, através da sua experiência pessoal de sacerdote e pastor», refere o texto de apresentação publicado na página da editora.

Poucos dias após o início do Ano da Misericórdia, que o papa marcou para 8 de dezembro, o volume apresenta as razões desta iniciativa, dirigindo-se a todas as pessoas «dentro e fora da Igreja que procuram um sentido para a vida, um caminho de paz e de reconciliação, uma cura para as feridas físicas e espirituais».

O sítio italiano "Il Sismografo" entrevistou Andrea Tornielli sobre o livro, que a editora apresenta como «a síntese» do magistério e pontificado de Francisco.


Como nasceu o projeto de "O nome de Deus é misericórdia" e qual é o propósito?

Fui sempre sensível à centralidade desta mensagem no papa Francisco. A partir daquela primeira missa com o povo na paróquia de Santa Ana [no Vaticano], no domingo 17 de março de 2013, quando na homilia feita de improviso, comentando o Evangelho que fala da adúltera salva e perdoada por Jesus, o papa disse: «A misericórdia é a mensagem mais importante de Jesus». Assim, enquanto assistia ao momento em que Francisco anunciava o Jubileu da Misericórdia, disse a mim próprio que seria belo fazer-lhe perguntas sobre isso, procurando ir ao coração, procurando compreender onde tem origem esta aproximação e este olhar.


O que pode dizer Francisco no Ano Jubilar a pessoas que pertencem a povos, culturas, tradições não cristãs?

Há muita necessidade de misericórdia e perdão no nosso mundo. «Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão», escrevia S. João Paulo II na mensagem para o Dia Mundial da Paz publicada logo após os atentados de 11 de setembro de 2001. Portanto o perdão tem uma valência também social, também pública, também internacional.

Mas creio que a mensagem da misericórdia fala a todas as almas porque todos, ninguém excluído, temos necessidade de nos sentirmos verdadeiramente amados, escutados, acolhidos tal como somos. E é neste abraço de misericórdia que nos descobrimos limitados, pequenos, necessitados de perdão. Diz-se muitas vezes, justamente, que hoje se perdeu o sentido do pecado. Acrescentarei que também se perdeu a esperança de poder recomeçar. Esta é a grande mensagem cristã, que o papa faz reverberar para além das fronteiras e vedações: há um Deus que te quer bem, te espera, te vem procurar para te abraçar.



Depois das conversas com o papa ficaste com alguma ideia do motivo por que ele colocou a misericórdia de Deus no centro do seu pontificado? Na tua opinião, que relação o papa perceciona entre o amor de Deus pelas suas criaturas e os muitos sofrimentos e feridas destes seus filhos?

A resposta à primeira pergunta deu-a o papa Francisco no primeiro Angelus, naquele domingo de 17 de março de 2013, citando a idosa que se tinha ido confessar a ele, bispo auxiliar de Buenos Aires havia pouco tempo. Aquela mulher idosa tinha dado ao futuro papa uma grande lição de teologia, extraída da fé dos simples, daquele "sensus fidei" que o povo de Deus tem e que Francisco citou também no memorável discurso para o 50.º aniversário do Sínodo dos Bispos: «Se o Senhor não perdoasse tudo, o mundo não existiria». Sem a misericórdia de Deus o mundo não ficaria de pé.

Quanto à segunda pergunta: julgo entender que se se faz verdadeiramente experiência do amor de Deus na própria vida, se se experimenta a sua misericórdia e o seu perdão, não se permanece indiferente diante dos sofrimentos de cada outro ser humano. Penso em Madre Teresa de Calcutá e em como o seu rosto cheio de rugas representou o sorriso e a proximidade de Deus por tantos últimos, por tantos abandonados, por tantos pobres.



Neste, por assim dizer, "nó" de amor entre o Pai e os seus filhos, que lugar ocupa a Igreja hoje e amanhã, e sobretudo qual "forma" de Igreja?

A Igreja, isto é, o povo de Deus, existe para levar a todos este anúncio de amor, de proximidade, de esperança e de resgate. Anuncia a vitória sobre a morte de um Deus que se fez homem e se aniquilou a si mesmo, sofrendo sobre o mais infame dos patíbulos para salvar cada um de nós. E o cristianismo espalhou-se graças ao testemunho de pessoa a pessoa.

Não sou capaz de responder a propósito da "forma" da Igreja; falarei antes do seu rosto: o rosto da misericórdia, da proximidade, do acompanhamento, da ternura, do encontro, do abatimento de toda vedação, esquema e preconceito. Jesus nos Evangelhos não encontrava as multidões simplesmente enunciando doutrinas. Falava de Deus, do seu Reino e da sua misericórdia entrando em contacto com as pessoas, com os seus corações. Comovia-se diante dos seus dramas, não ficava indiferente. O Deus cristão tem o rosto de Jesus que se comove «até às entranhas» por nós. Parece-me ser este o rosto autêntico da Igreja, Isto, creio, significa evangelizar.



Trad. / edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 29.10.2015

http://www.snpcultura.org/

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