quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Angola, Independência e Guerra Civil





Angola Independência e Guerra Civil

Angola só viu perspectivas para a sua independência na sequência do derrube da ditadura em Portugal (25 de Abril de 1974). No processo de descolonização da África, Angola possuiu duas particularidades interessantes. A primeira é o fato de sua independência ter sido tardia. A segunda é o fato de ela ter tido, dentro do seu processo de independência, não apenas um movimento de libertação, mas três movimentos de carácter nacional, que além lutarem contra os portugueses lutavam entre si. Depois de longos confrontos, o país alcançou a independência em 11 de Novembro de 1975.
 
Mas a independência de Angola não foi o início da paz, foi sim o início de uma nova guerra aberta. De facto, os três grupos nacionalistas não só combatiam o colonialismo português como também lutavam entre si pelo controlo do país. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.

ImageA União Soviética e principalmente Cuba apoiavam o MPLA. A África do Sul apoiava a UNITA. O Zaire apoiava a FNLA. A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses mas também com o apoio da África do Sul. Os EUA, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola.

Agostinho Neto, líder do MPLA, é proclamado presidente da República Popular de Angola, de regime socialista. O Brasil é o primeiro país a reconhecer o novo Estado independente.

ImageOs Estados Unidos e a União Soviética apoiaram a UNITA e o MPLA respectivamente por um quarto de século e mesmo assim, em momento algum tivera, grande controlo da situação ou dos seus aliados. De 1975 a 1989, Angola viu-se no caminho de interesses estrangeiros, regionais e globais e a importância ideológica e estratégica do conflito civil inserido no conflito regional havia se tornado a força motriz do conflito. O papel decisivo parece ter sido interpretado pela percepção dos custos e benefícios da continuação do conflito e o ambiente político em mutação de cada participante no contexto de dois possíveis factores causais importantes: o avanço geral nas relações Leste-Oeste resultante das novas políticas do então presidente Gorbachev e os reveses militares de 1987 e 1988 que haviam transformado a dinâmica da guerra.

ImageEm 1976, as Nações Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul.

No meio do caos que Angola se havia tornado, cerca de 800 mil portugueses abandonaram o país entre 1974 e 1976. A guerra continuava a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A FNLA dissolve-se no final dos anos 70, mas a Unita mantém sua guerrilha com o apoio da África do Sul e, agora, dos EUA. Com a morte de Agostinho Neto, em 1979, José Eduardo dos Santos assume a Presidência.

ImageNo início da década de 80, o número de mortos e refugiados não parou de aumentar. As infra-estruturas do país eram consecutivamente destruídas. Os ataques da África do Sul não paravam. Em Agosto de 1981, lançaram a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola). O governo da África do Sul justificou a sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em Dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi assinado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.

ImageA partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucederam-se em Angola os acordos de paz entre a UNITA e o MPLA, mas sempre seguidos do recomeço das hostilidades. Em 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas embargou as transferências de armas e petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras.

ImageOutra tentativa de paz surgiu em Novembro de 1994. Celebrou-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A paz parecia mais do que nunca estar perto de ser alcançada, mas não passou de uma miragem.  A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.

ImageO sucessivo colapso dos protocolos e acordos, missões e sanções reforça a premissa de que a chave para a viabilidade do processo de paz não se encontrava apenas na recusa de Savimbi em ter um compromisso inequívoco com a paz. E, sim no reconhecimento de que a sua opção pela guerra era plausível devido à existência de actores, recursos e espaços interessados na continuação da guerra.

Entretanto o Ocidente passa a apoiar o governo do MPLA, o que marcou o declínio militar e político da UNITA. Em Dezembro de 1998, Angola retornou ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita). Com o fim da guerra civil, no início de 2002, Luanda tenta retomar o caminho do progresso e do desenvolvimento. Image

Apesar de o cessar-fogo ter sido assinado, Angola ainda enfrenta uma batalha difícil. A guerra civil matou quase 500.000 pessoas e deixou dezenas de milhares desalojadas. Em Maio de 2002, a UNITA junta 85% das suas tropas em campos de desmobilização. No entanto, uma severa escassez de alimentos nos campos ameaça o frágil processo de paz do país.
   
ImageDurante este período, as organizações de paz do mundo lutam para apoiar Angola. As Nações Unidas lançam um apelo mundial para auxílio aos refugiados. A organização de paz Medecins sans Frontieres (Médicos sem Fronteiras) dá a mensagem de que meio milhão de Angolanos enfrenta a fome — um legado de uma prolongada guerra civil.

Enquanto Angola luta para passar de um país dividido para uma democracia unida, o país enfrenta três grandes problemas: uma crise humanitária, uma abundância de campos de minas e uma contínua luta de guerrilha na região norte de Cabinda.

Depois de anos de luta, instabilidade e perturbação política, muitos Angolanos escolhem tentar uma vida nova para as suas famílias. Entre 2002 e 2005, mais de 850 Angolanos emigram para o Canadá com a esperança de descobrir uma paz duradoura e construir um futuro estável e próspero.

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