sexta-feira, 12 de junho de 2015

Por que os líderes europeus querem conversar com Dilma?




Por que os líderes europeus querem conversar com Dilma?

 BBC Brasil

Às margens da cúpula entre Celac (Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos) e União Europeia que ocorre em Bruxelas, a presidente Dilma Rousseff teve reuniões com diversos líderes europeus – entre eles os primeiros-ministros da Grécia e Grã-Bretanha e a chanceler (premiê) da Alemanha.

Segundo a Presidência, todos os encontros com Dilma foram solicitados pelos europeus. A presidente também se reuniu com os líderes da Bulgária e de Luxemburgo, além do presidente do Conselho da União Europeia, Donald Tusk.

Acordos comerciais, Ucrânia, Olimpíadas e crise na Grécia foram alguns dos temas debatidos com os líderes internacionais.

Grécia

A presidente Dilma Rousseff se reuniu com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, na manhã de quinta-feira. Tsipras que tomou posse neste ano após ser eleito pelo partido radical de esquerda Syriza.

O grande assunto foi a crise econômica do país - a Grécia se vê em dificuldades no relacionamento com diversos países europeus, está com problemas para saldar suas dívidas e, se não conseguir uma renegociação, corre o risco de sair da zona do euro.

"Obviamente o primeiro-ministro grego falou das dificuldades, que são públicas e notórias", disse a presidente após o encontro.

Em um momento em que o Brasil passa por um ajuste fiscal, a presidente, falando sobre a situação da Grécia, disse que "pesar a mão" poderia quebrar um país.

"Todas as medidas de austeridade implicam em dois lados. Se você não cria condições para o país transitar para uma situação de estabilidade, se você pesar a mão, você quebra o país. De outro lado, obviamente o país tem que fazer a sua parte."

Ela refutou, porém, comparações entre a situação dos dois países.

"Nós fazemos um ajuste, mas não temos desequilíbrio estrutural."

Angela Merkel cumprimenta Dilma, observada por Rafael Correa, presidente do Equador (Reuters): Encontro com Merkel serviu de preparação para vinda de chanceler alemã ao Brasil © Copyright British Broadcasting Corporation 2015 Encontro com Merkel serviu de preparação para vinda de chanceler alemã ao Brasil

Alemanha

No mesmo dia em que encontrou o primeiro-ministro grego, Dilma se reuniu com aquela a chanceler (premiê) Angela Merkel, da Alemanha - país que vive papel antagonista ao da Grécia, por ser um dos principais credores de Atenas e defensor das medidas de austeridade.

Merkel irá ao Brasil em agosto, e a reunião serviu como uma preparação.

Segundo Dilma, os pontos principais da conversa foram ampliação do comércio e parcerias na área de indústria, desenvolvimento tecnológico e científico e formação profissional e técnica.

"A indústria alemã se caracteriza por uma grande expertise na área de inovação, chão de fábrica e capacidade de ter indústria de alta qualidade, de alta precisão", afirmou.

Elas também discutiram a parceria na área de cibersegurança - as duas líderes foram vítimas de monitoramento pela agência americana NSA e, depois disso, os países trabalharam em conjunto para aprovar uma resolução na ONU sobre o tema.

Elas também conversaram sobre a reforma de organismos financeiros –como o FMI e o Banco Mundial – e sobre a recuperação da economia mundial.

Grã-Bretanha
O encontro com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, começou com uma dança das cadeiras: o cerimonial havia preparado cadeiras com as bandeiras da Grã-Bretanha e do Brasil e os líderes se dirigiram aos locais errados - trocaram por sugestão de Cameron.

Além de desejar sorte na Olimpíada de 2016 no Rio - a edição anterior ocorreu em Londres – Cameron falou que conversaria sobre a economia.

"Há muitos assuntos para conversar sobre nossa colaboração econômica e a possibilidade de acordo entre a União Europeia e o Mercosul", disse o britânico, em referência à negociação que os dois blocos estão retomando, após anos de paralisação.

Dilma também destacou o programa Ciência sem Fronteiras e falou que o Brasil queria fazer uma Olimpíada ainda melhor que a de Londres.

Bélgica

Um tema delicado entrou na discussão de Dilma com o primeiro-ministro belga, Charles Michel: a crise na Ucrânia.

A Rússia, que sofre sanções europeias por sua atuação em regiões separatistas da Ucrânia, é parceira do Brasil no Brics - grupo que realizará uma cúpula no mês que vem.

"Mas a Dilma insistiu muito mais na dimensão econômica que o encontro vai ter, ainda que tenha dito que temas políticos têm crescentemente comparecido", disse o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia.

Também foram discutidos, segundo Dilma, o acordo do Mercosul e da União Europeia e o plano de concessões lançado pelo governo nesta semana.

A presidente destacou que diversas empresas belgas estão no Brasil e que elas têm forte atuação no setor de infraestrutura.

Após a operação Lava Jato, muitas construtoras perderam força. Por isso, segundo analistas, o Brasil precisa atrair empresas internacionais que atuem na área.

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