sexta-feira, 3 de abril de 2015

LIVRO DE JÓ



LIVRO DE JÓ


"Por que sofrem os justos, se Deus é um Deus de amor e misericórdia?"
Este trabalho tem por objetivo mostrar a importância em conhecer a história de Jó, pois é uma das mais comoventes da Bíblia. Nela descobrimos a origem e a finalidade dos sofrimentos. Ensina claramente a soberania divina e a necessidade humana de reconhecê-la.
A história de Jó tem sido um motivo de consolação para os que sofrem. Não se trata de um mito, e sim de um fato real que serviu de referência para os outros autores bíblicos, como Ezequiel (Ez. 14.14) e Tiago (Tg. S. 10, 11).
E, indubitavelmente, ao concluir esta pesquisa estaremos mais informados que há sofrimentos que não são conseqüência de pecados cometidos pela pessoa, mas que são permitidos por Deus para fortalecer a nossa fé, revelar o verdadeiro caráter cristão e depurá-lo.

INTRODUÇÃO


O maior exemplo de sofrimento na Bíblia é o de Jó. Homem materialmente próspero, sincero, reto e temente a Deus, predicados de fazer inveja aos arautos da doutrina da prosperidade. No entanto, ele é a maior prova de que o crente pode experimentar o sofrimento e perder todos os seus bens sem que esteja amaldiçoado, como insinuaram os seus amigos e apregoam alguns que em tudo vêem pecado, maldição e rebeldia contra Deus.

Jó não contou sequer com o apoio da esposa, que, olhando sob a ótica humana, não entendia a razão de tamanha dor.

Ele permaneceu fiei, ainda que não soubesse que por trás de tudo Deus contendia com o Diabo para provar a sua fidelidade. Para Jó, sofrimento; para Deus, prova de sua absoluta confiança no patriarca.

Muitos acham que quando Deus não cura é simplesmente falta de fé (teologia da prosperidade). Mas a palavra de Deus ensina o contrário. A fé aceita a cura, mas também produz segurança para passar pelo vale da sombra da morte, se esta for à vontade de Deus. Sabendo-se que até os fios de cabelo de vossa cabeça está sob a potente mão de Deus.

AUTORIA E TÍTULO


A etimologia do nome de Jó é um tanto incerta. Conforme JUNIOR, Gleason L. Archer "deríva-se do hebraico 'lyyõb', que significa provavelmente 'voltar' ou 'arrepender-se', ou ainda' quem volta para Deus".
Esta interpretação é baseada no árabe abã, "arrepender-se", ou "voltar para trás". A ortografia árabe do nome seria awwãbun.
Outra etimologia possível para SILVA, José Apolônio da (1986:13) 21 edição: "ãyeb, que significa 'odiar', 'estar em inimizade, ou objeto de inimizade" (segundo o autor Lexicon de Brown - Driver - Briggs).

Autor

O texto desse livro não indica o seu autor, e não há nenhuma tradição consistente quanto ao compositor desta obra, nem sequer nos círculos rabínicos.

Conforme MEARS, Henrietta C. (1991:32) 31 edição: "A tradição judaica admite Moisés como seu autor, e afirma que ele o escreveu quando estava em Midiã, pois este país limitava-se com a terra em que Jó residia"

De acordo com ELLISEN, Staniley A. (2000:151): "Não podemos afirmar que foi Moisés nem Salomão, Elifaz ou Bildade. O que importa, é que os ensinamentos do livro são obras magníficas e esplêndidas de um grande filósofo e poeta".

Cenário Histórico
Data dos acontecimentos registrados - período patriarcal

1) Como algumas vezes os acontecimentos de Jó são questionados quanto à sua base histórica, vejamos as razões fundamentais para manter a sua historicidade:
a) Jó é identificado como habitante de Uz, e não de um lugar fictício (1.1);
b) a Palavra de Deus através de Ezequiel e Tiago refere-se várias vezes à historicidade de Jó, bem como de Noé e Daniel (Ez. 14.14,20; Tg. 5.11);
c) ele está incluído entre os "justos e pacientes". Não é uma pessoa imaginária como pensam alguns racionalistas. Sendo as escrituras a Palavra de Deus, todos os argumentos contrários são sem valor (Mt. 24.35).
2) O cenário patriarcal dos acontecimentos (entre Abraão e Moisés) é geralmente aceito devido às seguintes considerações:
a) O chefe da família que oferece sacrifícios, ao invés dum sacerdócio oficial, indicaria uma época pré-mosaica;
b) o livro indica um tipo de organização patriarcal de famílias e clãs que faz lembrar a época de Abraão muito mais do que as condições após o êxodo;
c) a citação de qesitah (hebraico) como valor em dinheiro (Jó 42.11) sugere uma data que remonta até no mínimo Josué (cf. Js. 24.32), ou talvez o período dos patriarcas (cf. Gn. 33.19).

AS CATÁSTROFES DE JÓ

Para RYRIE, Charles Caldwell (1991:191) 11 edição: "As catástrofes que ocorreram tinha como objetivo expor os verdadeiros motivos pelos quais Jó servia a Deus, que Satanás alegava serem egoistas".

O personagem em questão era o maior de todos do Oriente, possuía 7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 500 juntas de bois e 500 juntas de ovelhas. Além disso, tinha Jó uma vasta criadagem a seu serviço (cf. Jó 1.3).

Segundo SOARES, R. R. (líder da teologia da prosperidade): "A riqueza é um sinal das bênçãos divinas, se há lucro é porque tudo está bem, e havendo contratempos e prejuízos, é porque há pecado e julgamento". Ou seja, sofrimento e derrota.

Nem sempre a prosperidade material é sinal de que há um relacionamento direito para com Deus. Jacó, enganando seu sogro no caso das ovelhas prosperou muito (Gn. 30.37-43).

Para RYRIE, Charles Caldwell (1991:187) la edição: "Jacó colocou ramos parcialmente descascados de certas árvores em frente dos bebedouros para estimular os animais à atividade produtiva reprodutora. Jacó, pastor experiente, também praticou reprodução seletiva (Gn. 30.40-42)" Atribuiu, todavia, a sua prosperidade à intervenção de Deus (cf. 313,9).

No caso de Jó, suas qualidades eram invejáveis, pois ele era: temente a Deus desviava do mal e era íntegro.

Porém, de repente a tempestade desabou sem qualquer aviso. Foi uma série de golpes tão rápidos que mal um ocorria logo um outro se lhe sucedia.

Jó na Adversidade

Ao ter a retidão apontada por Deus, Satanás disse que se devia ao fato de ele possuir bens materiais, os quais, se fosse tirado, ele logo blasfemaria de Deus. Jó perdeu toda a sua riqueza (Jó 1. 12).

Os sabeus: beduínos nômades que viviam na região de Uz e ao sul mataram os servos de Jó e lavaram os bois (Jó 1.15);

os caldeus: levaram os camelos de Jó (1.17);

um raio (1.16);

um grande vento da banda do deserto, derrubou a casa em que se encontrava seus filhos, morrendo todos (1.18,19). Nem bem havia descansado das informações da perda dos bens materiais, logo chegou a péssima notícia da morte de todos os seus filhos. Tais acontecimentos não levaram Jó a blasfemar contra Deus. Ele adorou a Deus (1.21)

Perda da Saúde Física (Jó 2.1-17)

Deus apontou a Satanás a justiça inalterada de Jó diante dos fatos ocorridos, ao que o acusador disse que isso se devia à saúde física que ele possuía (cf. v.6),

A Bíblia não diz o nome da enfermidade, e que de acordo com SILVA, José Apolônio da (1986:15) 2a edição: “... seria uma espécie de úlcera, que geralmente resultava em morte". O que sabemos é que ele foi ferido de uma chaga maligna por todo o corpo.

Para RYRIE, Charles Caldwell (1991:193) 1ª edição: “... seria algum tipo especialmente maligno de câncer ou elefantíase..." O que o registro sagrado revela é que a doença tinha vários sintomas:

toda a sua pele foi afetada (2.7);
sofreu de prurido generalizado (2.8);
foi acometido de intensas dores (2.13);
sua pele putrefata atraía vermes e acabava criando uma crosta e purulenta (7.5; 30.30)
sentia febre e dor nos ossos (30.17,30)

Segundo BICEGO, Valdir (1996) lições do 2º trimestre: "nem todos os males são de origem satânica",
Referindo-se às enfermidades a Palavra de Deus é categórica e nos apresenta, pelo menos quatro causas:

1) Para glória de Deus, como o cego de nascença que Jesus curou (Jo. 9. 1-7);
2) perturbação maligna, como a mulher encurvada, liberta por Jesus (Lc. 13.10-16); 3) por participação indigna na ceia do Senhor (I Co. 11.28-30);
4) provação, como foi no caso de Jó.

A Perda do Incentivo da Esposa
Conforme SILVA, José Apolônio (1986:16): "Parece que a esposa de Jó não era temente a Deus". Em todo o livro, uma única vez se faz referência a ela, sem mencionar seu nome.

Se não fosse as suas palavras de impiedade contra Deus e seu marido. A esposa de Jó, olhando, exclama: "Alguma coisa está errada. Sua religião é um fracasso. Amaldiçoa a Deus e morre". Esta é a voz do desespero. Esta, em vez de compartilhar com ele a perda de tudo, e ser solidária em sua doença, o incentivou a amaldiçoar Deus e morrer; ao que ele respondeu que ela falava como uma doida (2.9,10).

De acordo com MEARS, Henrietta C. (1991:34): "O companheirismo é importante para vitória do casal" Muitas vezes a natureza humana incentiva os homens, a serem incompreensíveis nos momentos da adversidade. No entanto, a Palavra de Deus recomenda-nos em Eclesiastes 4.9-12, o contrário.
Perda dos Parentes e Amigos
Diante de terrível situação em que Jó se encontra, tanto os parentes como os amigos afastaram-se dele (17.6; 19.13-19; 30.9-12). Nesta ocasião, seus amigos o cercaram com palavras que tentassem explicar a origem do seu sofrimento. Embora estes homens dissessem muitas coisas certas, não disseram a verdade completa.

Atualmente, existem os falsos de Jó, fazendo as mesmas críticas aos crentes fiéis quando estes sofrem. Podemos resumir em quatro pontos os discursos dos amigos de Jó:

Afirmam que o sofrimento é o resultado do pecado. Assim sendo uma pessoa estiver aflita, deve-se concluir que está em pecado;
a medida da aflição indica o grau de pecado. Argumentam que, sendo Jó o homem que mais sofria, devia ser ele o maior dos pecadores;
dizem a Jó que, se ele se arrependesse dos seus pecados, Deus lhe restauraria a felicidade;
admitem que algumas vezes os ímpios prosperam, mas que esta prosperidade é passageira, porém, a retidão divina permanece.

Conforme GILBERTO, Antônio (1986:34): "...se um dia viéssemos nos encontrar na situação de Jó, como seria o nosso comportamento? É fácil julgar os outros, mas é melhor que, enquanto temos tempo, façamos a nossa autocrítica".

A RESIGNAÇÃO DE JÓ


Jó deve servir de exemplo para todos nós. Tomemos o conselho de Tiago 5.11: "Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu".

A prosperidade material de Jó foi destruída para provar a correção ou incorreção das insinuações satânicas acerca da sinceridade e da piedade de Jó.

Embora ele desconhecesse os motivos que levaram a perdas profundas, aceitou tudo como vindo da parte do Senhor. Conservou a sua fé viva em Deus (Jó 19.25,26), teve paciência (Tg. 1. 10, 11). Aceitou tudo com resignação, não pecando em coisa alguma contra o seu criador (Jó 1. 22; 2. 10).
Deus muda o cativeiro de Jó, proporcionando:
Restabelecimento da sua saúde (Jó 42.10);
restabelecimento de seus bens (42.10-12);
restabelecimento de seus filhos (42.13-15);
restabelecimento de seus amigos e parentes (42.11).

CONCLUSÃO


A visão linear da história faz com que o homem só enxergue no sentido horizontal e só veja o momento presente, não compreendendo, portanto, em que poderá resultar o sofrimento pessoal.

Ele não vê o tudo. Mas a visão de Deus é global. Ele vê o fim desde o princípio e sabe que mais adiante o sofrimento produzirá um peso de glória para aquele que o experimentou, mesmo que circunstancialmente não o entenda.

O sofrimento, para o cristão, tem como propósito exercitar a disciplina e moldar o seu caráter espiritual, assim como o ouro é refinado no fogo.

Vale salientar que, não foi Deus quem introduziu o sofrimento no mundo, como alguns na sua revolta afirmam, Há ocasiões em que sua origem poderá ser fruto de atitudes erradas, isto é, a lei da semeadura, ela é inexorável. O que se planta, colhe-se.

Uma outra fonte poderá ser um fruto da negligência, exemplificando: se alguém por descuido, resvalar no abismo, vai esborrachar-se no chão porque está infringindo a lei da natureza. E em determinadas circunstâncias pode ser uma intervenção de Deus para a manifestação da sua glória, o caso de Jó.


BIBLIOGRAFIA

JUNIOR, Gleason L. Archer. Merece Confiança o Antigo Testamento. 3ª edição. São
Paulo: Vida Nova, 1984.

MCNAIR, S. E. A Bíblia Explicada. 9ª edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1987.

MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. 3a edição. São Paulo: Vida,
1991.

RYRIE, Charles Caldweli. A Bíblia Anotada. 1ª edição. São Paulo: Mundo Cristão,
1991.

SILVA, José Apolônio da. Síntese Bíblica do Velho Testamento. 2ª edição. Rio de
Janeiro: CPAD, 1986.

http://professorpauloandrade.blogspot.com.br/

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