quarta-feira, 29 de abril de 2015

FMI prevê maior desaceleração em mais de 20 anos, mas elogia ajustes

FMI prevê maior desaceleração em mais de 20 anos, mas elogia ajustes
Do UOL, em São Paulo



O Brasil enfrenta a maior desaceleração econômica em mais de duas décadas, afirma o FMI (Fundo Monetário Internacional) em relatório divulgado nesta quarta-feira (29).

O fundo projeta uma queda de até 1% na economia brasileira neste ano, seguida por uma recuperação em 2016, com crescimento estimado em 1%.

O órgão, no entanto, elogia os ajustes que estão sendo feitos no país, e diz que é preciso continuar com os recentes esforços para conter um aumento da dívida pública e reconquistar a confiança na política econômica.

Elogio aos ajustes do governo
O FMI diz que é inevitável o ajuste das contas públicas brasileiras, mesmo num momento de desaceleração da atividade econômica. O elevado deficit público faz com que o governo tenha pouca opção além de promover um aperto fiscal, diz o FMI, que tem elogiado o programa de ajuste comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Na América Latina, as decisões de políticas fiscal atuais não podem levar em conta apenas o que seria desejável de um ponto de vista cíclico, pois é preciso considerar a sustentabilidade da dívida, afirma a instituição.

Baixo investimento e falta de confiança do consumidor
O cenário atual no Brasil é marcado pelo baixo investimento do setor privado e pela queda da confiança do consumidor, diz o FMI.

O aperto da política fiscal do governo e o aumento dos juros também contribuem para a fraqueza da economia no curto prazo, mas essas medidas são fundamentais para conter a alta da dívida pública e reconstruir a confiança do mercado.

Segundo relatório divulgado nesta quarta-feira, o investimento privado continua um importante freio à atividade econômica no Brasil. Para o Fundo, o investimento é afetado por problemas de competitividade existentes há muito tempo, além de piores termos de troca (a relação entre preços de exportação e de importação) e de uma incerteza elevada, devido ao impacto da investigação da Petrobras e ao efeito da seca prolongada sobre a oferta de energia.

"A confiança do consumidor também piorou abruptamente, num quadro de inflação alta, crédito mais apertado e o começo da fraqueza do mercado de trabalho", diz o FMI.

"Do mesmo modo, o realinhamento em curso de preços relativos importantes, como a taxa real de câmbio, deve ajudar a melhorar as perspectivas para o investimento ao longo do tempo."

A análise faz parte do Panorama Econômico Regional para o Hemisfério Ocidental, divulgado nesta quarta-feira. As avaliações sobre o Brasil são muito parecidas com as feitas há duas semanas, durante a reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial, realizada em Washington.

(Com Valor)


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