segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Putin diz que crise na Rússia durará no máximo 2 anos

Do G1, em São Paulo

 Vladimir Putin durante entrevista coletiva de fim de ano em Moscou, nesta quinta-feira, 18 de dezembro (Foto: Maxim Zmeyev/Reuters)
Vladimir Putin durante entrevista coletiva de fim de ano em Moscou, nesta quinta-feira, 18 de dezembro (Foto: Maxim Zmeyev/Reuters)
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (18) que a economia da Rússia, que enfrenta a pior crise monetária desde 1998, voltará a crescer em dois anos no máximo. “Na pior das hipóteses, a crise vai durar dois anos, mas pode melhorar 'antes' e, de todos os modos, terá uma solução de forma 'inevitável', já que a economia mundial continua crescendo”, afirmou Putin, em sua entrevista coletiva anual.

“Vamos utilizar as medidas empregadas com êxito em 2008”, explicou. Putin não quis se aventurar sobre a evolução da situação e considera possível tanto um aumento do rublo como uma nova queda diante “dos numerosos fatores de incerteza”.

O presidente, mais popular do que nunca, disse que serão mantidos os programas sociais (aumento das aposentadorias e dos salários dos funcionários), mas que o governo pode se ver obrigado a reduzir alguns gastos em função de como a situação evoluir.
"Se a situação se desenrolar desfavoravelmente, teremos que ajustar nossos planos. Sem dúvida, teremos que cortar alguns (gastos)", disse Putin.
Se a situação se desenrolar desfavoravelmente, teremos que ajustar nossos planos. Sem dúvida, teremos que cortar alguns (gastos)"
Vladimir Putin, presidente russo
O presidente disse que a Rússia tem que diversificar sua economia para reduzir a dependência do petróleo, seu principal produto de exportação e uma fonte importante de receita estatal, e que uma recuperação pode ter início em algum momento do ano que vem.

Ele afirmou que o governo deve adotar medidas adicionais para garantir a estabilidade econômica. "Tem havido resultados, mas o governo precisa adotar outras medidas", disse Putin, acrescentando que o Banco Central não é a única entidade responsável pela situação econômica.

De acordo com Vladimir Putin, o Banco Central e o governo estão adotando medidas adequadas para sustentar o rublo e que a atual situação da economia russa foi provocada por fatores externos, como a forte queda do preço do petróleo. "Acredito que o Banco Central e o governo estão adotando medidas adequadas", disse ele, acrescentando que podem ter havido questões sobre o momento e a qualidade das medidas.

Segundo Putin, o BC não irá desperdiçar reservas internacionais impulsionando o rublo, mas que a taxa de juros não irá permanecer no atual patamar durante toda a crise econômica.

O chefe do Kremlin assegurou que a saída da crise e posterior crescimento da economia russa são "inevitáveis" e poderiam acontecer antes de dois anos. Ele argumentou que, embora o ritmo de crescimento da economia desacelere, este continua e "com toda segurança se manterá".

"A conjuntura econômica mudará e com o crescimento da economia mundial recursos energéticos adicionais serão requeridos", disse Putin, que ao mesmo tempo não descartou a possibilidade de que o preço do petróleo continue caindo.

Putin atribuiu a queda do valor do rublo e da bolsa russa a fatores externos, em particular a queda do preço do petróleo, mas reconheceu também que a Rússia não deu os passos necessários para “diversificar sua economia”, altamente dependente das exportações de hidrocarbonetos.

Banco central
O presidente russo assinalou que as recentes medidas adotadas pelo governo e pelo Banco Central da Rússia para estabilizar a situação no mercado foram adequadas, mas opinou que algumas ações poderiam ter sido adotadas com mais rapidez. Putin afirmou que o BC deveria ter parado com suas intervenções no mercado cambial há muito tempo, e que se isso tivesse acontecido não precisaria ter elevado a taxa de juros em uma medida de emergência nesta semana.

“Tudo foi feito corretamente, mas poderia ter sido dado meio passo à frente”, disse Putin, defendendo a presidente do Banco Central, Elvira Nabiulina, ao assinalar que o órgão emissor “não é o único responsável pela situação econômica do país”.
Putin afirmou que seu governo não planeja emitir normas para que exportadores domésticos vendam sua receita em moeda estrangeira para sustentar o rublo, que entrou em colapso nesta semana.

Moeda enfraquece
O rublo enfraquecia contra o dólar e o euro nesta quinta-feira, com operadores dizendo que o presidente Vladimir Putin não ofereceu até agora medidas concretas para tirar a Rússia da crise.
O rublo perdeu cerca de 45% contra o dólar até agora neste ano em meio ao recuo dos preços do petróleo e às sanções do Ocidente devido à Ucrânia. Segundo operadores, as oscilações do câmbio foram exarcebadas pela liquidez baixa (menor facilidade de converter bens e investimentos em dinheiro) e operações envolvendo volumes pequenos são capazes de impactar demais o mercado.

Um aumento de 6,5 pontos percentuais na principal taxa de juros, para 17%, não conseguiu impulsionar o rublo na terça-feira (16). A Rússia também já gastou mais de US$ 80 bilhões neste ano tentando sustentar a moeda.
Inicialmente o governo adotou uma atitude passiva diante da queda do rublo, justificando que dependia principalmente de fatores externos (sanções ocidentais e queda de preços do petróleo) e que a moeda acabaria subindo.

Mas, diante do desenrolar dos acontecimentos, se uniu aos esforços do BC para apagar o incêndio, com medidas de apoio aos bancos e negociações com os grandes grupos exportadores para evitar que a venda de divisas afetasse muito a moeda.

O ministro da Economia, Alexei Ulyukayev, afirmou em entrevista a um jornal que as sanções ocidentais devem durar "bastante tempo" e que a Rússia está pagando o preço por não realizar reformas estruturais, descrevendo os baixos preços do petróleo, as sanções do Ocidente pela crise da Ucrânia e os problemas econômicos globais como "tempestade perfeita"

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