domingo, 26 de janeiro de 2014

Corregedoria vai investigar PMs que atiraram em manifestante






Corregedoria vai investigar PMs que atiraram em manifestante

A Secretaria da Segurança Pública informou que irá investigar os policiais envolvidos na ação que resultou em disparos que acertaram o peito e a virilha de um jovem que participava do protesto contra a Copa do Mundo, no sábado (25), em São Paulo.

Segundo a pasta, o caso está sendo analisado pela Corregedoria da Polícia Militar e também pela Polícia Civil.

Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves, 22, foi encontrado com três tiros –dois no peito e um na virilha–, na esquina da rua Sabará com a rua Piauí, rodeado por um grupo de pelo menos quatro policiais militares. Segundo a polícia, o rapaz foi atingido duas vezes.

O caso foi revelado na manhã deste domingo (26) pela Folha.

Segundo testemunhas ouvidas pela Folha, os PMs se justificaram dizendo que o rapaz era manifestante e portava coquetel molotov.

O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado, mas, antes que chegasse, os policiais levaram o rapaz para hospital da Santa Casa em uma Kombi da PM, o que contraria a regra que recomenda que os policiais aguardem socorro especializado.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o socorro foi feito porque os PMs consideraram que o jovem estava perdendo muito sangue e que o Samu talvez não chegasse a tempo de socorrer o rapaz.

"Eu estava em casa, ouvi os disparos e desci para ver o que tinha acontecido. Foi quando vi o jovem deitado agonizando no chão. Ele ficou ali por uns 30 minutos até que a PM levou ele para o hospital. Um minuto depois a ambulância chegou, mas ele já tinha ido embora", disse o gerente comercial José Augusto Kaulino, 47 que testemunhou o caso.

O defensor público Erik Arnesem saía para jantar quando ouviu os disparos. Em seguida, Arnesem entrou em contato com o defensor Carlos Weis, coordenador de direitos humanos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que pretende cuidar do caso e exigir a investigação da ocorrência para punir os possíveis responsáveis.

A Folha apurou que policiais levaram Chaves à Santa Casa por volta das 22h30 de sábado. Ele foi encaminhado para o centro cirúrgico e operado durante a madrugada.

O rapaz, segundo informações da Santa Casa, continua internado no centro médico. Ele está em coma induzidos e passou, na manhã deste domingo, por uma segunda cirurgia.

Ele está sob escolta de três policiais do 13º batalhão da PM (Campos Elíseos). Até a manhã de domingo, sua família não havia sido avisada e soube da ocorrência por meio da Folha.

A Secretaria de Segurança Pública foi procurada pela reportagem e informou, por meio de nota, que Chaves era adepto a tática "black bloc", resistiu à abordagem, fugiu e atacou um policial.

Marlene Bergamo/Folhapress

Protesto contra a Copa do Mundo em São Paulo
De acordo com a polícia, 2.000 homens foram mobilizados para fazer a segurança de 1.500 manifestantes.

Participaram da operação a Tropa de Choque e a Força Tática da Polícia Militar. Dois helicópteros monitoravam a movimentação do grupo.

Policiais usaram câmeras portáteis de alta definição, semelhantes às que são usadas por motoqueiros em capacetes, para registrar os participantes do protesto.

A manifestação contra a realização da Copa do Mundo no Brasil foi convocada pelo Facebook e tinha cerca de 23 mil confirmados antes de começar.
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