quinta-feira, 5 de setembro de 2013

No G20, aumenta a pressão sobre Obama na questão síria



 O presidente dos EUA, Barack Obama, comparece à primeira sessão da cúpula do G20 no Palácio de Constantine em Strelna, próximo a São Petersburgo, Rússia. REUTERS/Sergei Karpukhin
Por Timothy Heritage

SÃO PETERSBURGO, Rússia , 5 Set (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, enfrentou nesta quinta-feira crescente pressão de líderes mundiais para que não lance ataques militares contra a Síria, durante a cúpula sobre a economia mundial, tema que ficou em segundo plano por causa do conflito.

O Grupo dos 20 (G20), que reúne economias desenvolvidas e emergentes, está reunido em São Petersburgo para tentar forjar uma frente unida para o crescimento econômico, comércio, transparência bancária e combate à evasão fiscal.

Mas o grupo, cujos membros perfazem dois terços da população e 90 por cento da produção mundial, está dividido em questões que variam da decisão do Federal Reserva, o banco central dos EUA, de encerrar seu programa de estímulo econômico à guerra civil na Síria.

O presidente russo, Vladimir Putin, quer aproveitar o encontro, realizado num palácio czarista à beira-mar, para convencer Obama a desistir da ação contra o presidente da Síria, Bashar al-Assad, motivada por um ataque com armas químicas que os EUA dizem ter sido desferido por forças do governo sírio.

Obama abriu um sorriso duro ao se aproximar de Putin na chegada à cúpula e apertou sua mão. Putin também manteve uma expressão formal. Somente quando eles se viraram para posar para as câmeras Obama ampliou o sorriso.

A primeira rodada da cúpula favoreceu Putin, já que a China, a União Europeia e o papa Francisco --em uma carta aos líderes do G20-- se alinharam mais estreitamente com ele do que com Obama sobre a possibilidade e a legitimidade de uma intervenção armada.

"Uma ação militar teria um impacto negativo sobre a economia global, especialmente sobre o preço do petróleo --vai causar um aumento no preço do petróleo", disse o vice-ministro das Finanças da China, Zhu Guangyao, antes do início das negociações dos líderes do G20.

O papa Francisco disse em carta ao presidente russo, Vladimir Putin, por ocasião da cúpula do G20, que os líderes mundiais deveriam "deixar de lado a busca inútil por uma solução militar" na Síria.

Líderes da União Europeia, normalmente forte aliados dos EUA, descreveram o ataque de 21 de agosto, perto de Damasco e no qual se estima terem morrido 1.400 pessoas, como "abominável", mas acrescentaram: "Não há solução militar para o conflito sírio".

Os líderes do grupo de economias emergentes Brics --Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-- expressaram, durante reunião na cúpula do G20, preocupação de que um ataque militar contra a Síria possa prejudicar a economia mundial, segundo um porta-voz de Putin.

"Foi notório em meio ao diálogo dos Brics que entre os fatores que podem afetar negativamente a situação da economia mundial estão as consequências de uma eventual intervenção externa nos assuntos sírios. Tais consequências podem ter um efeito extremamente negativo sobre a economia mundial", disse o porta-voz Dmitry Peskov.

Putin, o mais importante aliado de Assad, ficou isolado em junho na questão síria durante a reunião do Grupo dos Oito, o último grande encontro de potências mundiais. Ele poderia agora virar a mesa contra Obama, que recentemente o comparou a "um aluno entediado no fundo da sala de aula".

Somente a França, que se prepara para se unir aos EUA na ação militar, se posicionou ao lado de Obama.

"Nós estamos convencidos de que se não houver nenhuma punição para Assad, não haverá nenhuma negociação", declarou o ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, antes de partir para São Petersburgo.

Por ser improvável o apoio da China e da Rússia no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, onde os dois países têm poder de veto, Obama está buscando o aval do Congresso norte-americano.

Putin diz que forças rebeldes podem ter realizado o ataque com gás venenoso e qualquer ataque militar sem a aprovação do Conselho de Segurança violaria o direito internacional, um ponto de vista que conta com crescente apoio.

Não está prevista uma conversa direta entre Putin e Obama, mas o líder russo espera discutir a questão síria em um jantar com todos os líderes. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o enviado especial da organização, Lakhdar Brahimi, também estão em São Petersburgo, esperando obter um acordo para a realização de uma conferência internacional de paz sobre a Síria.

Nenhuma decisão do G20 sobre a Síria teria caráter de cumprimento obrigatório, mas Putin gostaria de chegar a um consenso para evitar uma ação militar, o que seria um triunfo pessoal significativo, embora improvável.

http://br.reuters.com/

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