terça-feira, 4 de junho de 2013
Produção industrial no Brasil surpreende e sobe 1,8% em abril
Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 4 Jun (Reuters) - A produção industrial brasileira subiu 1,8 por cento em abril frente a março, impulsionada sobretudo pelos bens de capital, ligados a investimentos, bem acima do esperado e marcando o segundo mês seguido de crescimento.
Mas, apesar do cenário melhor, analistas ainda mantêm a cautela sobre se essa recuperação é sustentável, preferindo aguardar a divulgação de novos dados que possam dar mais indícios sobre a atividade no início do segundo trimestre.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação com abril de 2012, a produção teve expansão de 8,4 por cento, a maior desde agosto de 2010, beneficiada, entre outros fatores, pela base de comparação deprimida. Pesquisa da Reuters apontava crescimento de 1 por cento sobre março e 7,20 por cento na base anual.
"Tivemos em abril com produção espalhada... foi extremamente positivo, mas dado nível de confiança do empresário e os dados da Fenabrave, precisamos ter cautela com o que se pode esperar sobre o futuro da indústria", disse nesta terça-feira o economista do IBGE André Macedo.
A categoria Bens de capital foi a que apresentou maior variação mensal, segundo o IBGE, com alta de 3,2 por cento, quarto resultado positivo consecutivo e acumulando ganho de 15,5 por cento no período. Segundo Macedo, as condições mais favoráveis de juros ajudam a melhorar esse cenário.
As demais categorias de uso também mostraram avanço em abril, quando comparado com março, com destaque para Bens de consumo, com alta de 1,8 por cento.
"Vemos sinais de melhora, mas ainda não se consolidou um quadro de retomada. O ritmo da indústria ainda parece muito incerto, e ainda é cedo para dizer se esse ritmo é sustentável", disse o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani.
Em março, a produção industrial havia registrado alta mensal de 0,8 por cento, depois de recuar 2,4 por cento em fevereiro e subir 2,7 por cento em janeiro, segundo dados do IBGE
O diretor de Pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, dá mais munição para a cautela sobre a retomada.
"Para maio, as sondagens e os indicadores já conhecidos têm sugerido uma queda de 0,5 por cento na margem, em linha com a volatilidade que temos observado no curto prazo", disse Barros em nota.
Em abril, 17 dos 27 ramos de atividade apresentaram expansão mensal. Veículos automotores tiveram alta de 8,2 por cento, seguidos por máquinas e equipamentos (7,9 por cento) e alimentos (4,8 por cento). Na comparação com abril de 2012, o ramo de veículos automotores exerceu a maior influência positiva, com expansão de 23,9 por cento.
Apesar do bom desempenho, os especialistas aguardam a divulgação, na quinta-feira, dos dados de maio sobre produção de veículos pela associação das montadoras, Anfavea.
"A esperada recuperação mais pronunciada da indústria pode acontecer no segundo trimestre. Mas ainda é preciso entender o setor de veículos no mês de maio. (O dado da Anfavea) pode ser um indicador sobre se esse aumento é sustentável ao longo do segundo trimestre", avaliou o economista da XP Investimentos Daniel Cunha.
Segundo a associação de distribuidores de veículos, Fenabrave, as vendas de carros e comerciais leves subiram 9,6 por cento em maio sobre o mesmo período do ano passado, mas caíram 5,1 por cento na comparação mensal. Já as vendas de caminhões cresceram 18 por cento sobre maio de 2012 e apresentaram recuo de 9,5 por cento sobre abril.
O IBGE informou ainda que, na ponta oposta, entre as atividades que mostraram retração mensal em abril estão bebidas (-5,9 por cento) e material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-6,5 por cento), que reverteram as taxas positivas do mês anterior de 1,5 e 0,6 por cento, respectivamente.
Na contabilidade do Produto Interno Bruto, a indústria teve uma retração de 0,3 por cento no primeiro trimestre, colaborando para o fraco crescimento de apenas 0,6 por cento do PIB em geral no período.
O movimento consolidou as apostas de que a economia brasileira irá crescer menos de 3 por cento neste ano. Na pesquisa Focus do Banco Central, economistas esperam expansão de 2,77 por cento do PIB, com a produção industrial crescendo 2,5 por cento.
(Reportagem adicional de Walter Brandimarte, no Rio de Janeiro)
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