sábado, 13 de abril de 2013

Eric John Ernest Hobsbawm (Historiador)


                                                                                                                                                                                         

Eric John Ernest Hobsbawm (Alexandria, então Sultanato do Egito, 9 de junho de 1917 - Londres, 1 de outubro de 2012[1]) foi um historiador marxista de nacionalidade britânica, reconhecido internacionalmente. Ao longo da sua vida foi sempre membro do partido comunista britânico.
Um de seus interesses foi o desenvolvimento das tradições. Seu trabalho é um estudo da construção destas no contexto do Estado-nação. Argumentou que muitas vezes as tradições são inventadas por elites nacionais para justificar a existência e importância de suas respectivas nações.

Vida
Nasceu no Egito ainda sob o domínio britânico, e tinha, por isso, nacionalidade britânica. Hobsbawm, que teve seu sobrenome alterado por erro de escrituração, era filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês, e Nelly Grün, austríaca, ambos judeus. Teve uma irmã chamada Nancy. Passou os primeiros anos de sua vida em Viena e Berlim. Nessa época, tanto a Áustria quanto a Alemanha sofriam com a crise econômica e a convulsão social, consequências diretas da Primeira Guerra Mundial.
Seu pai morreu em 1929 e sua mãe em 1931. Ele e sua irmã foram adotados pela tia materna Gretl e seu tio paterno Sydney, que se casaram e tiveram um filho chamado Peter. Mudaram-se para Londres em 1933.
Em 1947 passou a lecionar no Birkbeck College, em Londres, mas só foi promovido em 1970, um longo período que atribuiu às suas posições políticas.
Hobsbawm casou-se duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943 (divorciou-se em 1951) e logo com Marlene Schwarz. Com esta última teve dois filhos, Julia e Andy, e um filho chamado Joshua de uma relação anterior.
Faleceu em 1 de Outubro de 2012, no hospital Free Royal de Londres, de pneumonia.
Política, vida acadêmica e obra
Em 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, Hobsbawm mudou-se para Londres. Já havia nesse período iniciado seus estudos das obras de Karl Marx. Fugindo das perseguições nazistas, mas também por ter ganhado uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge, Hobsbawm formou-se em História. Um evento importante para a sua formação intelectual e de seus princípios como historiador foi a resolução de seu tio de se mudar da Alemanha, levando a família e os negócios para a Inglaterra, o quanto antes, assim que Hitler, mesmo ficando em segundo lugar nas eleições de 1933, foi chamado para ser primeiro ministro, a pedido do presidente, do Partido Conservador, ganhador das eleições, Hindenburg. Essa atitude garantiu a sobrevivência de toda a família judaica, bem como a salvação de suas economias. Hobsbawm vê nesse acontecimento a evidência cabal de que análises históricas bem formuladas podem indicar as tendências futuras com um grau elevado de acerto. Uma de suas preocupações é aprimorar as análises históricas para criar mecanismos mais eficientes de predições econômicas e sociais. Ele mesmo faz algumas em seus livros - como a dificuldade de Israel se manter no Oriente Médio se mantiver apenas a força militar como apoio. Tornou-se militante político de esquerda e ingressou no Partido Comunista da Grã-Bretanha, que então apoiava o regime estalinista, o mesmo regime que anos antes havia exilado parte da ala crítica ao PC soviético, incluindo Leon Trótski, fundador da Quarta Internacional.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939/1945), participou de mais um importante período do século XX, ao integrar o Exército Britânico contra os nazistas. Foi responsável por trabalhos de inteligência, pois dominava quatro idiomas. Seu início no Exército Britânico foi nos anos de 1939-1940 onde fez parte de uma divisão que cavava trincheiras e preparava bunkers no litoral do país, como forma de impedir a "Operação Leão Marinho", que seria a invasão da Inglaterra por exércitos anfíbios. Com o fim da guerra, Hobsbawn retornou à Universidade de Cambridge para o curso de doutorado. Também nessa época juntou-se a alguns colegas e formou o Grupo de Historiadores do Partido Comunista.
Foi membro do grupo de historiadores marxistas britânicos, como Christopher Hill, Rodney Hilton e Edward Palmer Thompson que, nos anos 60, diante da desilusão com o estalinismo, buscaram entender a história da organização das classes populares em termos de suas lutas e ideologias, através da chamada "História Social".

Para analisar a história do trabalhismo e os diversos aspetos que a envolvem, como as revoluções burguesas, o processo de industrialização, as diferentes manifestações de resistência, luta e revolta da classe trabalhadora, Hobsbawn dedicou-se à interpretação do século XIX.
Sobre esse período, que segundo ele se estende de 1789 (ano da Revolução Francesa) a 1914 (início da Primeira Guerra Mundial), publicou estudos importantes, como "Era das Revoluções" (1789-1848), "A Era do Capital" (1848-1875) e "A Era dos Impérios" (1875-1914). Hobsbawn foi o responsável por análises aprofundadas sobre aquilo que chama de “o breve século XX”.
Um desses livros, em especial, rendeu-lhe reconhecimento e prestígio: "A Era dos Extremos", lançado em 1994, na Inglaterra, tornou-se uma das obras mais lidas e indicadas sobre a história recente da humanidade. Nela analisa os principais fatos de 1917 – fim da Primeira Guerra Mundial e ano da Revolução Russa – até o fim dos regimes socialistas da ex-União Soviética, em 1991, e dos países do Leste Europeu.
Também importante no conjunto de sua obra é seu livro mais recente, "Tempos Interessantes", publicado em 2002, no qual discorre novamente sobre o século XX e inter-relaciona os fatos históricos com a trajetória de sua vida. Por isso é considerado uma autobiografia diferenciada. Em 2003 ele ganhou o Prêmio Balzan para a História da Europa desde 1900.

Considerado um dos historiadores atuais mais importantes, Hobsbawm, além de velho militante de esquerda, utilizou-se do método marxista para a análise da História, sempre a partir do princípio da luta de classes. Foi membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências. Foi professor de História no Birkbeck College (Universidade de Londres) e foi professor da New School for Social Research de Nova Iorque.

Entre seus livros podem ser destacados seus estudos sobre as classes dominadas, como
Trabalhadores
Bandidos e
História Social do Jazz
Escreveu também estudos sobre a história das ideologias políticas e sociais, como
Nações e Nacionalismos e
A Invenção da Tradição e também a autobiografia,
Tempos Interessantes
Livros publicados
A Era das Revoluções
Era do Capital
A Era dos Impérios
Era dos Extremos
Sobre História
Globalização, Democracia e Terrorismo
Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1979 (Segunda Edição)
História Social do Jazz
Pessoas Extraordinárias: Resistência, Rebelião e Jazz
Nações e Nacionalismo desde 1780
Tempos Interessantes (autobiografia)
Os Trabalhadores: Estudos Sobre a História do Operariado
Mundos do Trabalho: Novos Estudos Sobre a História Operária
Revolucionários: Ensaios Contemporâneos
Estratégias para uma Esquerda Racional
Ecos da Marselhesa : dois séculos revêem a Revolução Francesa / Eric J. Hobsbawm ; tradução Maria Celia Paoli. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
As Origens da Revolução Industrial/ tradução de Percy Galimberti São Paulo: Global Editora, 1979.
Co-edição ou organização
A Invenção das Tradições
História do Marxismo (12 volumes)

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