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quinta-feira, 5 de abril de 2018

HOMEM CHEDDAR, O MAIS ANTIGO DA INGLATERRA, ERA NEGRO E TINHA OLHOS AZUIS

O “Homem Cheddar” é conhecido como sendo um dos primeiros habitantes do Reino Unido, tendo vivido na região há mais de 10 mil anos. Seu esqueleto foi encontrado dentro de uma caverna no sudoeste da Inglaterra há mais de 100 anos, e ainda hoje a Ciência descobre novidades sobre ele. A mais recente foi a reconstituição facial, que revelou que o humano provavelmente tinha uma pele bastante escura, mas os olhos azuis.

Através do sequenciamento do DNA, retirado do interior dos ossos, foi possível determinar que o “Homem Cheddar” provavelmente era negro – algo bastante notável, já que se assumia anteriormente que os humanos primitivos, que chegaram à região há cerca de 45 mil anos, teriam mudado suas características para feições mais claras.

homem cheddar
Busto do Homem Cheddar mostra as recentes descobertas, derrubando a ideia de que a pele europeia já era clara há 10 mil anos

Porém, esse espécime mostra que na verdade os desbravadores do Reino Unido mantiveram características da África subsaariana por muito mais tempo do que se imaginava. Já a cor dos olhos é mais uma estimativa: aparentemente ele tinha olhos bastante claros, podendo ser verdes, mas mais é mais provável que tenham sido azuis, disseram os cientistas.

Essas características batem com outras ossadas encontradas em regiões distintas da Europa com a mesma datação. “Ele nos mostra que você não deve fazer suposições sobre como as pessoas se pareciam no passado com base no que as pessoas se parecem no presente, e que os emparelhamentos de características que costumamos ver hoje não são algo fixo”, analisa Tom Booth, pesquisador do Museu de História Natural do Reino Unido.

homem cheddar
Esqueleto encontrado em 1903 é o mais completo de um humano primitivo do Reino Unido e também um dos mais antigos

 HOMEM CHEDDAR, O MAIS ANTIGO DA INGLATERRA, ERA NEGRO E TINHA OLHOS AZUIS

Prisão imediata de Lula surpreende petistas e derruba planos de mobilização a favor do ex-presidente

Prisão imediata de Lula surpreende petistas e derruba planos de mobilização a favor do ex-presidente
Redação Reuters
Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - A ordem de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva expedida nesta quinta-feira pelo juiz Sérgio Moro pegou de surpresa o PT e derrubou os planos do partido de provocar uma mobilização contínua nos próximos dias para mostrar a força do ex-presidente até sua efetiva prisão.

Fontes ouvidas pela Reuters admitiram que a ação extremamente rápida e inesperada do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e de Moro —entre o ofício expedido pelo TRF e o despacho de Moro passaram-se 19 minutos— foi um revés maior que o partido esperava.

    Reunidos com Lula praticamente o dia todo, a cúpula do PT avaliava que a decisão poderia sair até a próxima semana, mas não menos de 24 horas depois de o Supremo Tribunal Federal decidir rejeitar o habeas corpus preventivo.

    “É uma tristeza o que está acontecendo neste país. Foi tudo combinado”, disse uma fonte.

    O PT, movimentos sociais e partidos aliados já chamavam para um ato amanhã, em São Bernardo do Campo, programavam vigílias permanentes para o final de semana e tinham montado um comitê para tratar da prisão do ex-presidente. Na segunda-feira, estava sendo programado um outro ato, com artistas, juristas e intelectuais contra a prisão. Tudo caiu por terra.

    Boa parte da cúpula do PT já havia se dispersado, depois de passar o dia no Instituto Lula, quando saiu o despacho sobre a prisão. Petistas voltaram do aeroporto para São Bernardo do Campo, enquanto outro grupo que estava em Brasília se mobilizava para se juntar ao ato que passava a ser organizado para esta noite.

    Moro deu a Lula até às 17h de sexta-feira para que ele se apresenta à Polícia Federal em Curitiba. O juiz também proibiu o uso de algemas.

    Havia uma tendência, antes da decisão, de que Lula se apresentasse à PF justamente para evitar o uso das algemas e, especialmente, a fotografia que poderia ser explorada nas campanhas eleitorais, contou uma fonte.


    No entanto, durante a quinta-feira, a hipótese que surgiu foi a de Lula esperar a PF na Sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, onde começou sua carreira política, cercado de militantes.

    “Vamos conversar agora, mas a ideia é essa, ficar com o presidente até a hora da prisão. Se ele quiser se entregar em Curitiba, tudo bem, aí não temos o que fazer. Mas a intenção é ficar com ele até o fim”, disse uma fonte.

    Ao conversar com a Reuters, petistas mostravam um profundo desânimo e até vozes de choro. Em postagens e vídeos divulgados por redes sociais, parlamentares do partido mostravam toda a incredulidade com a decisão.

    “Isso é algo extremamente grave, inaceitável. Nós, inclusive, não esgotamos todos os recursos no TRF-4, e isso se constitui em uma enorme violência institucional contra a mais importante liderança popular deste país”, disse o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).

    A presidente do partido, Gleisi Hoffman (PR), classificou a ordem de prisão de “violência sem precedentes”.

“Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura”, escreveu a senadora.

    O senador Lindbergh Faria afirmou que Moro vai para “a lata do lixo da história”.

“Lula é um gigante, Moro é um patético serviçal do capital. Diante da determinação da prisão de Lula devemos nos manter firmes! Vamos todos participar da vigília em São Bernardo do Campo”, disse.

Moro ordena prisão de Lula e dá prazo até sexta-feira para petista se entregar

Moro ordena prisão de Lula e dá prazo até sexta-feira para petista se entregar
Redação Reuters


Por Ricardo Brito e Eduardo Simões

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva dentro de carro em São Paulo, no Brasil 05/04/2018 REUTERS/Paulo Whitaker
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato em primeira instância, determinou nesta quinta-feira a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, menos de 24 horas após o STF ter rejeitado o habeas corpus para o petista permanecer em liberdade até o fim de todos os recursos cabíveis no processo em que ele teve a condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) no caso do tríplex do Guarujá.

O magistrado permitiu a Lula, “em atenção à dignidade do cargo que ocupou”, a possibilidade de se apresentar voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até as 17h desta sexta-feira, a fim de começar a cumprir o mandado de prisão. Determinou ainda que a utilização de algemas está vedada em qualquer hipótese.

Moro também disse que foi previamente preparada uma sala reservada, no local, para que ele comece a cumprir pena separadamente dos demais presos “sem qualquer risco para a integridade moral ou física”.

A decisão de Moro ocorre após o juiz ter sido comunicado pelo presidente da 8ª Turma do TRF-4, desembargador Leandro Paulsen, e o juiz federal Nivaldo Brunoni, que está substituindo o relator da ação do petista no TRF-4, que houve o “exaurimento” da possibilidade de novos recursos no tribunal.

O petista, que deixou a sede do Instituto Lula na capital paulista após ser anunciada a notícia da ordem de prisão, foi condenado em janeiro pelo tribunal a pena de 12 anos e 1 mês de prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex.

Pouco antes, um dos advogados de Lula, Cristiano Zanin, havia dito que “só uma arbitrariedade é que poderia gerar o cumprimento de uma restrição a direitos do ex-presidente Lula”.

“O ex-presidente está tranquilo e nós expusemos aquilo que nos cabe expor”, disse Zanin a jornalistas, antes da divulgação da ordem de Moro.

Procurando mostrar confiança, Zanin chegou a dizer que a defesa tinha “instrumentos para impugnar aquela decisão de Porto Alegre”, referindo-se ao TRF.

Sem a presença de manifestantes, era possível ouvir gritos de “cadeia” vindos de carros que passavam pelo local, segundo testemunha Reuters.

Um homem, no entanto, que provocou pessoas que estavam na saída do instituto foi agredido por seguranças de petistas e ficou estirado ensanguentado no meio da rua. Jornalistas e pessoas que estavam no local levaram o homem a um hospital que fica na frente do instituto.

Para a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), a decisão representa uma “violência sem precedentes” na história democrática do país. “Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura”, afirmou.

“PATOLOGIA PROTELATÓRIA”
No despacho de três páginas, Moro destacou que não cabem mais “recursos com efeitos suspensivos” junto ao TRF-4. A defesa do petista cogitava apresentar até o dia 10 de abril novos embargos de declaração perante o tribunal que questionava pontos da condenação do petista. Mas Moro rejeitou esperar os novos embargos, assim como os magistrados do TRF-4.

“Hipotéticos embargos de declaração de embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatória e que deveria ser eliminada do mundo jurídico. De qualquer modo, embargos de declaração não alteram julgados, com o que as condenações não são passíveis de alteração na segunda instância.”

Moro disse que os detalhes para a apresentação deverão ser combinados com os advogados de Lula diretamente com o superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Maurício Valeixo.

Reportagem adicional de Tatiana Ramil, em São Paulo

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Brasileiros associam baixa qualidade da educação a violência e corrupção

Brasileiros associam baixa qualidade da educação a violência e corrupção
Ana Carla Bermúdez
Do UOL, em São Paulo

Getty Images


Para a população brasileira, a violência e a corrupção estão diretamente relacionadas à baixa qualidade da educação no país. Além disso, a insatisfação do cidadão com a educação no Brasil cresceu nos últimos quatro anos, sendo maior com o ensino público do que com o ensino particular.

É o que indica a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira – Educação Básica, realizada em 2017 pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) em parceria com o movimento Todos Pela Educação. O levantamento foi divulgado na manhã desta terça-feira (3).

Os dados mostram que a maior parte da população (77%) concorda totalmente ou em parte com a afirmação de que o problema da violência no Brasil se relaciona de forma direta com a baixa qualidade da educação no país. Já seis em cada dez brasileiros, ou seja, 60%, dizem o mesmo com relação à corrupção.

A pesquisa é divulgada justamente em um momento de escalada de violência no Rio de Janeiro, que se encontra sob intervenção federal na área da segurança há pouco mais de um mês, e de incertezas com relação a uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer (MDB), investigado em um inquérito que apura supostas irregularidades na edição do decreto dos Portos.

Para Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do Todos Pela Educação, "é muito importante que a população perceba essas relações" entre qualidade da educação, corrupção e violência.

"Quanto mais a gente expõe os problemas do Brasil, mais a população começa a refletir quais são suas principais causas. E aí, é claro que aparece a baixa qualidade da educação como uma das principais causas para o que o Brasil vive hoje", afirma.

Ele ainda defende: "já passou da hora de a educação ser considerada uma área estratégica para o Brasil".

"Uma melhoria na educação melhoraria as condições para o crescimento econômico, melhoraria os índices de violência, diminuiria a corrupção, como a população brasileira percebe. A educação, além de ser fundamental para o indivíduo, é fundamental para diversas áreas do país", explica.

Falta de comprometimento de políticos
Os dados apontam ainda que quase 80% da população brasileira acredita que os governantes (prefeitos, governadores e presidentes) não estão comprometidos o suficiente com a qualidade do ensino no país –o que, na opinião de Corrêa, é ponto-chave para que se possa mudar efetivamente o quadro da educação no Brasil.

"Você tem, em um ano de eleição, uma pesquisa indicando que a população dá muita responsabilidade para os governantes, mas não vê o comprometimento necessário. Isso é fundamental para um ano eleitoral", afirma.

A pesquisa ainda mostra que a percepção da relação entre baixa qualidade da educação e os níveis de violência cresce com o grau de escolaridade do entrevistado: 82% entre os que possuem ensino superior concordam com a ligação. Mesmo assim, 71% das pessoas que estudaram até a quarta série do ensino fundamental também consentem com a afirmação.

"Podemos afirmar que, no geral, a população brasileira, independentemente do grau de escolaridade, considera muito forte a relação entre educação e os níveis de violência no país", diz Corrêa.

O levantamento foi realizado pelo Ibope Inteligência entre os dias 15 e 20 de setembro do ano passado em 126 municípios brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de dois percentuais para cima ou para baixo.

Insatisfação com educação cresceu em 4 anos
A pesquisa aponta ainda que o percentual de brasileiros que avaliam a qualidade do ensino no país como ruim ou péssima cresceu nos últimos quatro anos.

Segundo o levantamento, a insatisfação é maior com a educação pública. A avaliação negativa (ruim ou péssima) do ensino fundamental da rede pública cresceu de 18%, em 2013, para 27% em 2017. O percentual de reprovação do ensino médio público também aumentou: foi de 15% para 26% no mesmo período.

Corrêa diz ver esses dados com otimismo, já que "historicamente, a percepção da população quanto à educação era consideravelmente boa, apesar de termos uma situação crítica". Na avaliação dele, os dados mostram que o "descasamento" entre a percepção da população e a situação "grave" da população pode estar mudando.

O levantamento perguntou aos entrevistados qual classificação eles dariam para o ensino fundamental e médio, em escolas públicas e particulares, entre as opções "ótimo", "bom", "regular", "ruim" e "péssimo".

Em 2010, quando levantamento semelhante foi feito, 15% consideravam o fundamental público ruim ou péssimo, enquanto 13% afirmavam o mesmo sobre o ensino médio –números estatisticamente iguais aos de 2013, considerando a margem de erro da pesquisa. No entanto, para Corrêa, eles já indicavam "o sentido em que estava indo essa avaliação".

Os números de 2017, por outro lado, são classificados por ele como um "salto". Na avaliação dele, isso representa uma percepção da população de que, apesar de a educação brasileira ter melhorado em relação ao acesso –hoje, cerca de 95% das crianças e jovens em idade de matrícula obrigatória (de 4 a 17 anos) frequentam a escola--, o país ainda se encontra muito atrás quando o assunto é qualidade do ensino.

"Nossos alunos estão indo para as escolas, mas não estão aprendendo", diz Corrêa.

Escolas particulares
A queda se repete no cenário das escolas particulares, mas em dimensão menor. Os entrevistados que consideravam essa etapa escolar como ótima ou boa também diminuiu: de 77% no ensino fundamental em 2013 para 65% em 2017. No ensino médio, caiu de 76% para 64%.

O percentual dos que consideram o ensino regular aumentou de 11% para 17% tanto na avaliação do ensino fundamental como do médio nas particulares.

"A população continua percebendo a educação particular como de melhor qualidade versus o serviço público, a educação que o Estado oferece", afirma Corrêa.

"Vale notar que, mesmo quando a gente compara escolas particulares brasileiras com outras do mundo, a qualidade ainda é muito baixa. Não é só um problema da escola pública, apesar do problema da escola pública ser mais grave", ressalta.