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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Entenda a crise na Rússia e possíveis efeitos no Brasil

Do G1, em São Paulo

 Funcionário conta notas de rublo em um escritório em Krasnoyarsk, na Sibéria (Foto: Ilya Naymushin/Reuters)
Funcionário conta notas de rublo em um escritório em Krasnoyarsk, na Sibéria (Foto: Ilya Naymushin/Reuters)
A forte desvalorização do rublo tem provocado turbulência nos mercados internacionais, sobretudo em países emergentes como o Brasil, e gerado temores de uma nova crise financeira como a de 1998, quando a Rússia declarou moratória de sua dívida, afetando a economia mundial.

A moeda russa vem sendo pressionada, principalmente, pela acentuada queda nos preços do petróleo – principal fonte de recursos de Moscou – e pelas sanções ocidentais impostas ao país por conta da atuação do governo de Vladimir Putin na Ucrânia.

A desconfiança é tamanha que nem mesmo um aumento de 6,5 pontos percentuais na taxa de juros, de 10,5% para 17% ao ano, foi capaz de evitar que a moeda atingisse mínimas recordes. Na terça-feira (16), o rublo perdeu 11% frente ao dólar, a queda diária mais aguda desde a crise financeira da Rússia em 1998. No ano, a moeda já acumula desvalorização de mais de 50%.

“O rublo vale o que vale o poder de Putin no mercado”, resumiu o jornal independente russo Novaya Gazeta.

Para tentar evitar o colapso do rublo, o Banco Central russo tem anunciado medidas como a venda diária de bilhões de dólares em divisas estrangeiras, mas obteve pouco sucesso até o momento.

Dependência do petróleo
O país, que já é afetado pela inflação, caminha agora para uma recessão, à medida que as altas taxas de juros devem prejudicar o crescimento. A Rússia pode ver sua economia recuar em até 5% em 2015 se os preços do petróleo não passarem dos US$ 60, segundo alertou o próprio banco central russo.

Petróleo e gás representam cerca de dois terços das exportações russas, de cerca de US$ 530 bilhões ao ano. Sem eles, o país teria um grande déficit comercial e de transações financeiras, e passaria a ter grande dificuldade de honrar seus compromissos e manter o atual patamar de importações.
Por enquanto, trata-se de uma crise cambial. Mas o temor de calote e o mau humor de investidores estrangeiros avessos a riscos já provoca fuga de capitais para títulos de dívidas soberanas considerados mais seguros.
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E o Brasil?
É neste contexto de temor de contágio financeiro que a turbulência russa também afeta outros países emergentes como o Brasil. O real brasileiro e a lira turca, por exemplo, também têm se desvalorizado ante o dólar. Mas, por enquanto, uma situação de crise em cascata parece distante, uma vez que muitos deles acumularam reservas significativas, capazes de amortecer choques externos. As reservas do Brasil, por exemplo, estão em cerca de US$ 375 bilhões.

Segundo a agência de classificação de risco Fitch, no momento, os países mais vulneráveis seriam aqueles com forte dependência de exportação de petróleo como Venezuela, Nigéria e Bahrein.

Comércio Brasil-Rússia
No caso do Brasil, o principal reflexo até o momento tem sido o mau humor generalizado dos investidores em relação aos emergentes, sobretudo os exportadores de matéria-prima, que já vinham sofrendo com o cenário de crescimento menor da China e de estagnação na Europa.

Um agravamento da crise, entretanto, tende a afetar a capacidade russa de importar e, consequentemente, reduzir as exportações brasileiras para a Rússia.

No acumulado no ano até novembro, o comércio bilateral Brasil-Rússia soma US$ 6,3 bilhões. Embora as vendas para o país representem menos de 2% das exportações brasileiras, as compras russas saltaram 33% neste ano na comparação com 2013, impulsionadas pela maior abertura aos produtos agropecuários brasileiros, principalmente carne bovina e suína, após ter decidido proibir a importação de alimentos e produtos agrícolas da União Europeia e dos Estados Unidos em retaliação a resistência desses países em aceitar a anexação da Crimeia pelo Kremlin.

As vendas de carne bovina e suína para a Rússia no ano até novembro somaram quase R$ 2 bilhões, representando cerca de 55% das exportações brasileiras para o país (US$ 3,53 bilhões).
Do outro lado da balança, as importações brasileiras da Rússia cresceram cerca de 10% ano, somando até novembro US$ 2,7 bilhões. Os principais produtos comprados da Rússia são matérias-primas e insumos para a indústria como cloreto de potássio, diidrogenofosfato de amônio, alumínio, nitrato de amônio e diesel.

Putin diz que crise na Rússia durará no máximo 2 anos

Do G1, em São Paulo

 Vladimir Putin durante entrevista coletiva de fim de ano em Moscou, nesta quinta-feira, 18 de dezembro (Foto: Maxim Zmeyev/Reuters)
Vladimir Putin durante entrevista coletiva de fim de ano em Moscou, nesta quinta-feira, 18 de dezembro (Foto: Maxim Zmeyev/Reuters)
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (18) que a economia da Rússia, que enfrenta a pior crise monetária desde 1998, voltará a crescer em dois anos no máximo. “Na pior das hipóteses, a crise vai durar dois anos, mas pode melhorar 'antes' e, de todos os modos, terá uma solução de forma 'inevitável', já que a economia mundial continua crescendo”, afirmou Putin, em sua entrevista coletiva anual.

“Vamos utilizar as medidas empregadas com êxito em 2008”, explicou. Putin não quis se aventurar sobre a evolução da situação e considera possível tanto um aumento do rublo como uma nova queda diante “dos numerosos fatores de incerteza”.

O presidente, mais popular do que nunca, disse que serão mantidos os programas sociais (aumento das aposentadorias e dos salários dos funcionários), mas que o governo pode se ver obrigado a reduzir alguns gastos em função de como a situação evoluir.
"Se a situação se desenrolar desfavoravelmente, teremos que ajustar nossos planos. Sem dúvida, teremos que cortar alguns (gastos)", disse Putin.
Se a situação se desenrolar desfavoravelmente, teremos que ajustar nossos planos. Sem dúvida, teremos que cortar alguns (gastos)"
Vladimir Putin, presidente russo
O presidente disse que a Rússia tem que diversificar sua economia para reduzir a dependência do petróleo, seu principal produto de exportação e uma fonte importante de receita estatal, e que uma recuperação pode ter início em algum momento do ano que vem.

Ele afirmou que o governo deve adotar medidas adicionais para garantir a estabilidade econômica. "Tem havido resultados, mas o governo precisa adotar outras medidas", disse Putin, acrescentando que o Banco Central não é a única entidade responsável pela situação econômica.

De acordo com Vladimir Putin, o Banco Central e o governo estão adotando medidas adequadas para sustentar o rublo e que a atual situação da economia russa foi provocada por fatores externos, como a forte queda do preço do petróleo. "Acredito que o Banco Central e o governo estão adotando medidas adequadas", disse ele, acrescentando que podem ter havido questões sobre o momento e a qualidade das medidas.

Segundo Putin, o BC não irá desperdiçar reservas internacionais impulsionando o rublo, mas que a taxa de juros não irá permanecer no atual patamar durante toda a crise econômica.

O chefe do Kremlin assegurou que a saída da crise e posterior crescimento da economia russa são "inevitáveis" e poderiam acontecer antes de dois anos. Ele argumentou que, embora o ritmo de crescimento da economia desacelere, este continua e "com toda segurança se manterá".

"A conjuntura econômica mudará e com o crescimento da economia mundial recursos energéticos adicionais serão requeridos", disse Putin, que ao mesmo tempo não descartou a possibilidade de que o preço do petróleo continue caindo.

Putin atribuiu a queda do valor do rublo e da bolsa russa a fatores externos, em particular a queda do preço do petróleo, mas reconheceu também que a Rússia não deu os passos necessários para “diversificar sua economia”, altamente dependente das exportações de hidrocarbonetos.

Banco central
O presidente russo assinalou que as recentes medidas adotadas pelo governo e pelo Banco Central da Rússia para estabilizar a situação no mercado foram adequadas, mas opinou que algumas ações poderiam ter sido adotadas com mais rapidez. Putin afirmou que o BC deveria ter parado com suas intervenções no mercado cambial há muito tempo, e que se isso tivesse acontecido não precisaria ter elevado a taxa de juros em uma medida de emergência nesta semana.

“Tudo foi feito corretamente, mas poderia ter sido dado meio passo à frente”, disse Putin, defendendo a presidente do Banco Central, Elvira Nabiulina, ao assinalar que o órgão emissor “não é o único responsável pela situação econômica do país”.
Putin afirmou que seu governo não planeja emitir normas para que exportadores domésticos vendam sua receita em moeda estrangeira para sustentar o rublo, que entrou em colapso nesta semana.

Moeda enfraquece
O rublo enfraquecia contra o dólar e o euro nesta quinta-feira, com operadores dizendo que o presidente Vladimir Putin não ofereceu até agora medidas concretas para tirar a Rússia da crise.
O rublo perdeu cerca de 45% contra o dólar até agora neste ano em meio ao recuo dos preços do petróleo e às sanções do Ocidente devido à Ucrânia. Segundo operadores, as oscilações do câmbio foram exarcebadas pela liquidez baixa (menor facilidade de converter bens e investimentos em dinheiro) e operações envolvendo volumes pequenos são capazes de impactar demais o mercado.

Um aumento de 6,5 pontos percentuais na principal taxa de juros, para 17%, não conseguiu impulsionar o rublo na terça-feira (16). A Rússia também já gastou mais de US$ 80 bilhões neste ano tentando sustentar a moeda.
Inicialmente o governo adotou uma atitude passiva diante da queda do rublo, justificando que dependia principalmente de fatores externos (sanções ocidentais e queda de preços do petróleo) e que a moeda acabaria subindo.

Mas, diante do desenrolar dos acontecimentos, se uniu aos esforços do BC para apagar o incêndio, com medidas de apoio aos bancos e negociações com os grandes grupos exportadores para evitar que a venda de divisas afetasse muito a moeda.

O ministro da Economia, Alexei Ulyukayev, afirmou em entrevista a um jornal que as sanções ocidentais devem durar "bastante tempo" e que a Rússia está pagando o preço por não realizar reformas estruturais, descrevendo os baixos preços do petróleo, as sanções do Ocidente pela crise da Ucrânia e os problemas econômicos globais como "tempestade perfeita"

domingo, 21 de dezembro de 2014

Queda dos preços do petróleo estimulará economia global, diz ministro saudita

Queda dos preços do petróleo estimulará economia global, diz ministro saudita
domingo, 21 de dezembro de 2014
ABU DHABI (Reuters) - O ministro do petróleo da Arábia Saudita defendeu neste domingo a decisão da Opep de manter a produção estável, apesar da maior queda dos preços da commodity em anos, dizendo que as cotações atuais ajudariam a impulsionar o crescimento econômico e a demanda global por petróleo.

Ali al-Naimi atribuiu a queda dos preços para quase metade do valor em relação às máximas do ano a especuladores e ao que chamou de falta de cooperação dos grandes produtores de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Suas observações em uma conferência em Abu Dhabi marcaram a segunda vez em três dias que ele sinalizou que o maior exportador de petróleo do mundo não iria alterar os níveis de produção, visando permitir que o mercado se estabilize por conta própria.

"Estou confiante de que o mercado de petróleo vai melhorar", disse ele.

Em uma reunião em novembro, a Opep manteve sua meta de produção de 30 milhões de barris por dia (bpd).

Questionado sobre as possibilidades de cooperação entre os membros da Opep, que incluem produtores de custo mais baixo do mundo, e os outros países, Naimi respondeu: "A melhor coisa para todo mundo é deixar que os produtores mais eficientes produzam".

Ele também disse que a decisão da Opep deve ajudar a economia mundial.

"Os preços atuais não incentivam o investimento em qualquer forma de energia, mas estimulam o crescimento econômico global, em última instância, um aumento da demanda global e uma desaceleração no crescimento de suprimentos", disse ele.

(Por Rania El Gamal e Maha El Dahan)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Crise dos Mísseis gerou o embargo americano à Ilha de Cuba


Crise dos Mísseis


Enquanto a ação soviética é denunciada na ONU, Kennedy e Kruschev discutem a paz entre seus países
Enquanto a ação soviética é denunciada na ONU, Kennedy e Kruschev discutem a paz entre seus países


Na década de 1960, os olhos do mundo se voltavam para uma pequena ilha centro-americana que, por meio de uma revolução armada, derrubou a hegemonia política dos EUA na América Latina. Naquele período, a ilha de Cuba se tornou um enorme atrativo político capaz de instigar o temor e a admiração de muitos políticos. Para os EUA, aquela situação representava uma séria ameaça aos seus interesses econômicos, políticos e ideológicos.

Não por acaso, as autoridades norte-americanas buscaram todas as formas para conter a consolidação do Estado revolucionário cubano. Sem obter uma resposta favorável, o presidente John F. Kennedy decidiu, no início de 1961, findar as relações diplomáticas com o governo cubano. Alguns meses depois, organizou um grupo de soldados cubanos e estadunidenses para derrubar o governo de Fidel Castro por meio de uma invasão à Baía dos Porcos.

O chamado “Ataque à Baía dos Porcos” acabou não surtindo o efeito esperado e o insucesso daquela manobra militar poderia representar sérios riscos para os interesses dos EUA. Após esse incidente, Fidel Castro se aproximou do bloco socialista promovendo um intenso diálogo com o presidente russo Nikita Kruschev. Dessa nova aliança, nasceu um plano que materializou uma das maiores crises políticas da Guerra Fria.

Segundo relato, no dia 14 de outubro de 1962, um avião de espionagem norte-americano sobrevoou o território cubano em busca de informações sobre o local. Nessa missão, coletou uma série de imagens do que parecia ser uma nova base militar em construção. Após um estudo detalhado das imagens, as autoridades norte-americanas descobriram que os soviéticos estavam instalando diversos mísseis capazes de carregar ogivas nucleares em Cuba.

Pela primeira vez, os norte-americanos sentiram-se ameaçados pelos horrores das mesmas armas que protagonizaram o ataque nuclear de Hiroshima e Nagasaki. Para alguns analistas, a ousadia da manobra militar cubano-soviética poderia dar início a uma nova guerra em escala mundial. Dessa forma, entre os dias 16 e 29 de outubro daquele mesmo ano, foi iniciada uma delicada rodada de negociações que deveria conter a ameaça de uma guerra nuclear.

Após um intenso diálogo, marcado inclusive com uma reunião entre Kennedy e Kruschev, os soviéticos decidiram retirar todos aqueles mísseis apontados para a nação-líder do bloco capitalista. Na verdade, a possibilidade de guerra era impossível, já que ambos os lados tinham um poder bélico de destruição capaz de aniquilar completamente o inimigo. Depois disso, acordos proibindo a proliferação de armas nucleares foram assinados pelas lideranças socialistas e capitalistas.


Por Rainer Sousa
Graduado em História

http://www.brasilescola.com/



EUA e Cuba decidem retomar relações após 50 anos de hostilidades

EUA e Cuba decidem retomar relações após 50 anos de hostilidades

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

 O presidente norte-americano, Barack Obama, anuncia mudanças na política dos EUA para Cuba, na Casa Branca, em Washington, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira. 17/12/2014 REUTERS/Doug Mills/Pool

Por Daniel Trotta e Steve Holland

HAVANA/WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos irão restabelecer as relações diplomáticas que cortaram com Cuba há mais de 50 anos, uma grande mudança de política que encerra décadas de hostilidades com a ilha comunista, disse o presidente norte-americano, Barack Obama, nesta quarta-feira.

Ao anunciar o fim do que chamou de uma política de isolamento "rígida" e que se mostrou ineficaz, Obama afirmou que os EUA irão estabelecer laços normais e abrir uma embaixada na capital cubana, Havana.

Obama discutiu as mudanças com o presidente cubano, Raúl Castro, em uma conversa telefônica de quase uma hora na terça-feira. Raúl discursou em Cuba ao mesmo tempo em que Obama fazia seu anúncio sobre a alteração de política, possibilitada pela libertação do norte-americano Alan Gross, de 65 anos, que estava preso em Cuba há cinco anos.

Cuba também está libertando um agente de inteligência que espionou para os EUA e que ficou detido durante quase 20 anos. Em troca, Washington soltou três agentes de inteligência cubanos presos em solo norte-americano: Gerardo Hernández, de 49 anos, Antonio Guerrero, de 56 anos, e Ramon Labañino, de 51 anos. Os três chegaram a Cuba nesta quarta-feira, disse Raúl.

O caso de Gross era um obstáculo a qualquer gesto de Washington para melhorar as relações. Obama disse que o papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano, teve um papel ativo fazendo pressão por sua soltura. O líder católico parabenizou os dois países pela retomada dos laços diplomáticos.

A guinada política irá levar a um relaxamento em alguns aspectos do comércio e do transporte entre os EUA e Cuba, mas não significa um fim do já antigo embargo comercial, que precisa de uma aprovação do Congresso que Obama deve ter dificuldade para obter.

Embora as restrições de viagem que atualmente dificultam a ida da maioria dos norte-americano a Cuba serão suavizadas, o turismo de larga escala para a ilha caribenha ainda não acontecerá de imediato.

Cuba e os EUA são inimigos ideológicos desde pouco depois da revolução de 1959 que levou Fidel Castro, irmão de Raúl, ao poder.
As duas nações não têm relações diplomáticas desde 1961, e os EUA têm mantido um embargo comercial à ilha, localizada 144 quilômetros ao sul da Flórida, durante mais de meio século. Obama declarou que pedirá ao Congresso que suspenda o embargo, mas deve encontrar resistência.

Embora cada vez mais parlamentares norte-americanos sejam favoráveis a relações mais normais com Cuba, a maioria ainda é democrata. Como resultado das eleições de meio de mandato de novembro, os republicanos irão controlar as duas casas do Congresso no ano que vem.

O senador Marco Rubio, um republicano cubano-americano, afirmou que irá usar seu papel como futuro presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado para tentar bloquear o plano e que está comprometido a fazer tudo que puder para "desmantelá-lo".

REAÇÃO NOS EUA

A notícia da mudança ecoou profundamente na comunidade de 1,5 milhão de cubano-americanos. Muitos que anseiam ver laços mais fortes com a ilha elogiaram, mas houve críticas daqueles que se opõem a uma aproximação com qualquer um dos irmãos Castro no comando.

"É incrível", disse Hugo Cancio, que foi para Miami em 1980 e que administra uma revista com escritórios em sua cidade adotiva e em Havana. "É um recomeço, um sonho que se tornou realidade para 11,2 milhões de cubanos em Cuba, e acho que irá provocar uma mudança na mentalidade aqui na comunidade também."

Em seus comentários, Obama disse que Cuba ainda precisa realizar mudanças, como reformas econômicas e melhorar os direitos humanos.

Para Obama, a guinada abrupta em relação a Cuba acrescenta um feito de política externa a seu legado presidencial quando inicia os dois últimos anos de seus oito no cargo. Ele poderá dizer que virou a página de uma política que o presidente democrata John Kennedy iniciou em 1961.

Em um aceno raro para os EUA, Raúl elogiou Obama. "Esta decisão do presidente Obama merece respeito e reconhecimento pelo nosso povo", disse o presidente cubano.

(Reportagem adicional de Matt Spetalnick, Patricia Zengerle, Roberta Rampton e Richard Cowan)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

MPF denuncia empreiteiras em escândalo da Petrobras; pede R$1 bi em ressarcimento

MPF denuncia empreiteiras em escândalo da Petrobras; pede R$1 bi em ressarcimento

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

 O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, concede entrevista coletiva em Curitiba nesta quinta-feira. 11/12/2014  REUTERS/Rodolfo Buhrer

Por Caroline Stauffer

CURITIBA (Reuters) - O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça nesta quinta-feira executivos de seis empreiteiras por vários crimes envolvendo um suposto esquema de corrupção na Petrobras e pediu que as empresas façam o ressarcimento de quase 1 bilhão de reais.

As denúncias envolvem 35 pessoas, 22 delas vinculadas a algumas das maiores empreiteiras do país. As empresas com executivos denunciados são OAS, Camargo Corrêa, UTC Engenharia, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, Engevix.

Os denunciados enfrentam uma ampla gama de acusações decorrentes da operação Lava Jato, da Polícia Federal, por crimes de corrupção, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro, em um caso histórico que atingiu uma das maiores empresas da América Latina.

"Nós estamos em uma guerra contra a impunidade e contra a corrupção", afirmou o procurador Deltan Dallagnol, ao apresentar as denúncias nesta quinta-feira, em Curitiba.

O procurador explicou que as empresas simularam ambiente de competição em licitações da Petrobras e se reuniam de forma secreta para escolher os vencedores.

Ele disse ainda que o esquema de corrupção envolvia a cooptação de agentes públicos. Entre os denunciados nesta quinta estão o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, ambos presos na primeira fase da operação Lava Jato.

Segundo Dallagnol, em caso de condenação, os denunciados podem receber, pelo crime de organização criminosa, uma pena mínima de 4 anos e 4 meses de prisão e máxima de 13 anos e 4 meses.

    Pelo crime de corrupção, se condenados, podem receber uma pena mínima de 2 anos e 8 meses, e máxima de 21 anos e 4 meses. Por lavagem de dinheiro, a pena mínima é de 4 anos e a máxima de 16 anos e 8 meses.
Mas Dallagnol destacou, em entrevista a jornalistas, que novas denúncias serão feitas, em uma nova etapa do processo. "Eu asseguro aos senhores que novas acusações virão... Esse é apenas um pacote de acusações", disse.

As denúncias devem ser agora analisadas pela Justiça Federal do Paraná, que decidirá se as acata ou não.

PROCESSO LONGO

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que também participou do anúncio, afirmou que dada a complexidade dos fatos, os processos judiciais resultantes da operação Lava Jato serão longos.

"Seguiremos de forma serena e equilibrada, mas de forma firme e contundente. Cada pessoa, pela disposição legal, tem responsabilidade pelo ato que praticou", afirmou Janot.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, um dos principais delatores do suposto esquema, passou 6 meses preso neste ano na carceragem de Curitiba até aceitar acordo de delação. Costa denunciou um suposto esquema de sobrepreço em obras na Petrobras que alimentaria os cofres de partidos políticos, entre eles o PT, PP e o PMDB.

Um exemplo de como o dinheiro da Petrobras foi mal gasto pode ser observado nos valores da Refinaria do Nordeste, em Pernambuco, o que motivou recentemente processos contra a estatal nos Estados Unidos.

Relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apurou denúncias de corrupção na estatal indicou na quarta-feira que a chamada Rnest custou 4,2 bilhões de dólares a mais do que deveria.
A empresa denunciada Engevix informou que, por meio dos seus advogados, que prestará os esclarecimentos necessários à Justiça. A Mendes Júnior disse que não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento.

As empresas Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, OAS, UTC não comentaram imediatamente as denúncias, assim como a Petrobras.

As ações preferenciais da estatal de petróleo negociadas na Bovespa anularam a queda após a apresentação da denúncia.

OUTRAS INVESTIGAÇÕES

Separadamente, a Controladoria Geral da União (CGU) abriu na semana passada processos de responsabilização contra oito empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato.

A Procuradoria Geral da República também pode abrir processo no Supremo Tribunal Federal contra políticos que poderiam ter sido beneficiados com os contratos superfaturados da Petrobras.

    A presidente Dilma Rousseff, que começa seu segundo mandato em 1º de janeiro sob o fantasma dessas denúncias, foi presidente do conselho de administração da Petrobras de 2003 a 2010, quando boa parte de bilhões de reais de supostas transferências ilegais ocorreram. Ela negou conhecimento ou envolvimento no esquema de corrupção.

     A força-tarefa do Ministério Público Federal ainda está ampliando a investigação com base em evidências de que as empreiteiras estariam envolvidas em irregularidades em projetos de infraestrutura.  
Em depoimento recente à CPMI do Congresso Nacional, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que as irregularidades investigadas pela PF acontecem no país inteiro, nas rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrelétricas.

(Com reportagem adicional de Anna Flavia Rochas, Alonso Soto, Asher Levine, Maria Pia Palermo, Marta Nogueira e Roberto Samora)

sábado, 22 de novembro de 2014

Filme noir






Filme noir

Barbara Stanwyck em Double Indemnity de 1944, a "loira fatal" de um dos primeiros e mais famosos filmes noir
Film noir (Pronúncia francesa: [film nwaʁ]) é um estilo de filme primariamente associado a filmes policiais, que retrata seus personagens principais num mundo cínico e antipático. O Film noir é derivado dos romances de suspense da época da Grande Depressão (muitos filmes noir foram adaptados de romances policiais do período), e do estilo visual dos filmes de terror da década de 1930. Os primeiros Films noirs apareceram no começo da década de 1940. Os "Noirs" foram historicamente filmados em preto-e-branco e eram caracterizados pelo alto contraste, com raízes na cinematografia característica do expressionismo alemão.

O termo film noir (do francês, filme preto) foi atribuído pela primeira vez a um filme pelo crítico francês Nino Frank em 1946. O termo era desconhecido dos diretores e atores enquanto eles criavam os films noirs clássicos. A expressão foi definida posteriormente por historiadores do cinema e críticos. Muitos dos criadores de film noir revelaram mais tarde que não sabiam, naquela época, que haviam criado um tipo distinto de filme.

Precursores
O Film noir é resultado de uma combinação de estilos e gêneros, com origem na pintura, assim como no cinema. De acordo com James Monaco em American Film Now, film noir não é um gênero em si, mas um estilo visual. Outros críticos tratam o film noir como um "modo" ou "ciclo".

A estética do film noir é fortemente influenciada pelo Expressionismo alemão Sob o jugo do Nazismo, muitos diretores importantes foram forçados a emigrar (incluindo Fritz Lang, Billy Wilder e Robert Siodmak). Eles levaram em sua bagagem técnicas que desenvolveram (principalmente a iluminação datição e o ponto-de-vista subjetivo e psicológico) e fizeram alguns dos mais famosos films noirs nos Estados Unidos.

Outras influências importantes vieram do realismo poético francês, com seus temas de fatalismo, injustiça e heróis arruinados, e do neo-realismo italiano, com ênfase na autenticidade. Muitos "films noirs" posteriores, como Night and the City (1950) e Panic in the Streets (1950), adotaram uma abordagem neo-realista, utilizando fotografia in loco e extras não-profissionais. Além disso, alguns films noirs se esforçaram em retratar pessoas comuns e oprimidas com vidas ordinárias de uma maneira similar aos filmes neo-realistas, como The Lost Weekend e In a Lonely Place.

Nos Estados Unidos, a principal influência literária do film noir veio da escola de ficção policial e de detetives, que abrange escritores como Dashiell Hammett, Raymond Chandler e James M. Cain, popularizado em revistas baratas como Black Mask. Apesar de não ser considerado um "film noir", Cidadão Kane (1941) de Orson Welles teve uma forte influência no desenvolvimento do estilo deste gênero, particularmente por seus visuais barrocos e a complexa estrutura narrativa conduzida por sobreposição narrativa.

O período clássico

Joan Bennett em The Woman in the Window de 1944, de Fritz Lang
As décadas de 1940 e 1950 foram o "período clássico" do film noir. Alguns historiadores do cinema consideram Stranger on the Third Floor (1940) como o primeiro film noir genuíno. Touch of Evil (1958), de Orson Welles é comumente citado como o último filme do período clássico.

Alguns acadêmicos acreditam que o film noir nunca acabou realmente, mas apenas declinou em popularidade para, mais tarde, ser revivido de uma maneira um pouco diferente. Outros críticos - talvez a maioria - não consideram autênticos os filmes feitos fora do período clássico. Estes críticos consideram o genuíno film noir como pertencente a um ciclo ou período, e crêem que os filmes subsequentes que tentaram reviver os filmes clássicos são diferentes, pois os criadores são conscientes do estilo "noir", de maneira que os diretores dos film noirs originais talvez não fossem.

Muitos dos filmes deste gênero eram produções de baixo orçamento, sem atores de grande porte e alguns diretores e roteiristas perseguidos pelas políticas dos tempos da guerra fria que se acharam, de certa maneira, livres das regras das grandes produções. Muitos dos mais populares exemplos de film noir giram em torno de uma mulher de virtudes questionáveis, e eram também conhecidos por bad girl movies. Os filmes dos grandes estúdios demandavam mensagens mais positivas. Personagens fracos e moralmente ambíguos foram interpretados por astros do cinema, enquanto os personagens secundários raramente possuíam alguma profundidade ou autonomia. Era regra nos filmes "A" o uso de iluminação sofisticada, interiores luxuosos e sets de filmagens externas ricamente elaborados. O film noir ficou conhecido por estas características, criando dramas inteligentes e austeros permeados por niilismo, desconfiança, paranóia e cinismo, em ambientes realistas urbanos e utilizando-se de técnicas como narração confessional ou movimentos de câmera com o ponto-de-vista do herói. O estilo noir gradativamente influenciou o senso-comum - mesmo fora de Hollywood.

Exemplos de film noir do período clássico

Gene Tierney como Laura
Rita Hayworth como Gilda
Lolita (1962)
Stranger on the Third Floor (1940)
The Maltese Falcon (1941)
This Gun for Hire (1942)
Shadow of a Doubt (1943)
Murder, My Sweet (1944)
Laura (1944)
Double Indemnity (1944)
The Woman in the Window (1944)
Detour (1945)
Mildred Pierce (1945)
The Big Sleep (1946)
Gilda (1946)
The Killers (1946)
The Lady from Shanghai (1947)
Kiss of Death (1947)
Out of the Past (1947)
Force of Evil (1948)
Key Largo (1948)
Criss Cross (1949)
The Third Man (1949)
White Heat (1949)
The Asphalt Jungle (1950)
Night and the City (1950)
Sunset Boulevard (1950)
The Enforcer (1951)
Strangers on a Train (1951)
On Dangerous Ground (1952)
Clash by Night (1952)
Pickup on South Street (1953)
The Big Heat (1953)
Kiss Me Deadly (1955)
The Night of the Hunter (1955)
The Killing (1956)
Sweet Smell of Success (1957)
Touch of Evil (1958)
Alguns diretores associados ao período clássico do film noir: Edgar G. Ulmer, Jules Dassin, Edward Dmytryk, John Farrow, Samuel Fuller, Henry Hathaway, Alfred Hitchcock, John Huston, Phil Karlson, Fritz Lang, Joseph H. Lewis, Anthony Mann, Otto Preminger, Nicholas Ray, Robert Siodmak, Orson Welles, Billy Wilder e Robert Wise.

Neo-noir e a influência do film noir
Na década de 1960, cinegrafistas como Peckinpah, Arthur Penn, Robert Altman criaram filmes inspirados nos films noirs originais. Em The Long Goodbye, o detetive criado por Altman é apresentado como um idiota azarado que não consegue evitar sua derrota numa batalha moral. Talvez o mais bem sucedido filme neo-noir tenha sido Chinatown (Filme) (1974), de Roman Polanski.

Muitos dos filmes de Joel e Ethan Coen são exemplos de filmes influenciados pelo gênero noir, especialmente O homem que não estava lá e Gosto de Sangue, além da comédia O grande Lebowski. O homem que não estava lá apresenta uma cena que parece ter sido filmada de maneira similar a uma cena de Out of the past. Os irmãos Cohen também acrescentaram diversos elementos de film noir tanto na filmagem quanto no roteiro de Fargo. Alguns críticos consideram-no um clássico moderno do gênero. O aclamado Los Angeles: Cidade Proibida, de Curtis Hanson (adaptado do romance de James Ellroy) pode ser o filme que mais se aproxima do film noir moderno, com suas histórias de policiais corruptos e femmes fatales que parecem ressurgidos dos anos 50.

O ponto-de-vista cínico e pessimista do film noir influenciou fortemente os criadores do gênero cyberpunk de ficção científica no início dos anos 1980, sendo Blade Runner e o japonês Akira os mais conhecidos filmes deste gênero. Uma mistura de film noir e cyberpunk também é chamada de tech-noir. Os personagens destes filmes são geralmente derivados de filmes de gangsters dos anos 30 e de revistas em quadrinhos. Outros exemplos de ficção científica noir são Gattaca, The Thirteenth Floor, Ghost in the Shell, Dark City, e Minority Report.

Alguns consideram que os filmes de David Lynch têm forte influência noir, principalmente Blue Velvet, Lost Highway e Mulholland Drive.

Alguns trabalhos recentes com uma veia noir incluem filmes como Cães de aluguel (1992), Chicago (2002), Fargo (1996), Kiss Kiss, Bang Bang (2005), e A Simple Plan (1998); a série de video game Max Payne, os jogos Heavy Rain e The Wolf Among Us , o remake de "Insônia", de Christopher Nolan e o suspense Dália Negra, de Brian De Palma. Também de Christopher Nolan, Amnésia e Batman Begins são considerados exemplos de neo-noir, assim como o filme Sin City, filmado em preto-e-branco, com alguns elementos em cores.

Com a estreia do seriado de TV Veronica Mars (2003), e do filme Brick (2006), o noir ganha uma nova vertente, batizada (e aplaudida) por críticos como teen-noir, uma reinvenção do gênero como expressão das angústias do universo adolescente.

Características
Estilo visual
Os film noirs tendem a utilizar sombras dramáticas, alto contraste, iluminação low key (que tenta cirar cenas em chiaroscuro) e película em preto-e-branco, resultando numa razão de 10:1 do escuro para o claro, ao contrário da razão de 3:1, dos filmes tradicionais. Muitos films noirs foram filmados em locações reais, durante a noite. Sombras de venezianas sobre o rosto de um ator enquanto ele olha através da janela são um ícone visual no film noir, já tendo se tornado um cliché.

O film noir também é conhecido pelo uso de ângulos de câmera não-convencionais e lentes grande-angulares. Outros dispositivos de desorientação utilizados nos film noirs incluem pessoas filmadas em espelhos, ou contra múltiplos espelhos, filmagens através de vidros, e múltiplas exposições.

Situação geral
O film noir apresenta personagens desesperados num universo desapiedado. Crime, geralmente assassinato, é um elemento que permeia a maioria dos films noirs, geralmente carregados de ciúmes, corrupção e fraqueza moral. A maioria dos films noirs contém certos personagens arquétipos (femme-fatales, policiais corruptos, maridos ciumentos, corretores de seguros e bodes expiatórios), locações famosas (Los Angeles, New York e San Francisco), e temática recorrente nos roteiros (tramas de assaltos, histórias de detetives, filmes de gangsters e de julgamentos).

Moralidade
A moral no film noir tende a ser ambígua e relativa. Os personagens podem aderir a determinado objetivo moral, mas sempre apresentam um comportamento do tipo "o fim justifica os meios". Por exemplo, no filme The Stranger, o detetive está tão obcecado em investigar um criminoso nazista que coloca a vida de outras pessoas em risco para alcançar seu objetivo.

Elementos do film noir
O film noir é mais difícil de definir especificamente que determinados gêneros como o Western ou o musical, principalmente pelo fato de que os criadores responsáveis por estes filmes não tinham a consciência de que faziam parte de determinada tendência estilística. Alguns filmes, portanto, são considerados noir por alguns e não o são por outros. Por exemplo, Leave Her to Heaven (1945), Niagara (1953), Vertigo (1958) foram filmados em cores, mas são frequentemente considerados noir. Os filmes considerados noir geralmente contêm alguns, se não todos os seguintes elementos:

Personagens
Femme fatale
Protagonistas moralmente ambíguos
Protagonistas alienados
Bode expiatório
Personagens violentos ou corrupto

Ambientes
Ambiente urbano
Ambiente contemporâneo
Locações exóticas ou remotas
Casas noturnas e/ou clubes de jogos/apostas
Elementos cinematográficos[editar | editar código-fonte]
Fotografia em preto-e-branco, ou em cores lavadas (não-saturadas)
Ângulos baixos de filmagens, ângulos incomuns e técnicas expressionistas de fotografia
Seqüências e efeitos visuais incomuns
Cenários noturnos e interiores sombrios
Uso de narração
Elementos temáticos[editar | editar código-fonte]
Senso de fatalismo
Obsessão sexual/romântica
Corrupção social ou humanitária inerente
Emboscadas
Niilismo
Elementos de roteiro[editar | editar código-fonte]
Roteiro intrincado
Uso de flashbacks
Sobreposições narrativas
Presença do protagonista em praticamente todas as cenas
História contada sob perspectiva criminal
Assassinato ou roubo como centro da história
Falsas acusações
Traição
Inevitabilidade do fracasso do protagonista
Final em aberto ou ambíguo

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cine Neorrealismo Italiano







Cine Neorrealismo italiano

O Neorrealismo italiano foi um movimento cultural surgido na Itália ao final da segunda guerra mundial, cujas maiores expressões ocorreram no cinema. Seus maiores expoentes foram Roberto Rosselini, Vittorio De Sica e Luchino Visconti, todos fortemente influenciados pelos filmes da escola do realismo poético francês.
O cinema neorrealista italiano caracterizou-se pelo uso de elementos da realidade numa peça de ficção, aproximando-se até certo ponto, em algumas cenas, das características do filme documentário. Ao contrário do cinema tradicional de ficção, o neo-realismo buscou representar a realidade social e econômica de uma época.
Origem
O marco inicial do movimento é o lançamento do filme de Rossellini, Roma, città aperta (1944-1945), rodado logo após a libertação de Roma, nitidamente influenciado pelo realismo poético francês. A "paternidade do termo" é de dúbia possibilidade: a primeira diz que seria de Umberto Barbaro quando chamou de "neorrealístico" o filme Ossessione , do qual havia sido montador; e a outra possibilidade atribui o termo a Mario Serandrei, quando este usou o termo em uma resenha do filme Quai des Brumes.
Apesar de Roma... ter marcado o início do movimento, o primeiro filme daqueles dias é o documentário Giorni di Gloria, de Giuseppe de Santis, Marcello Pagliero, Mario Serandrei e Luchino Visconti), que traz cenas reais alternadas com cenas reconstituídas da ocupação nazi-fascista. Porém o filme foi exibido depois de Roma....

Características
O Neorrealismo italiano, por características comuns entre as obras e por uma ideologia difundida entre seus realizadores, tanto estética quanto política, constitui um "estilo de época" do Cinema. Teve lugar e tempo na Itália do final da Segunda Grande Guerra, em processo de "libertação" do regime fascista, como veículo estético-ideológico da resistência. Hasteava a bandeira da representação objetiva da realidade social como forma de comprometimento político. Seu período mais produtivo e significativo ocorreu entre 1945 e 1948.

Seus temas protagonizados por pessoas da classe operária imersas em um ambiente injusto e fatalista, sempre encontrando a frustração na eterna busca por melhores condições de vida, foram trazidos por influência do realismo poético francês.
Apesar de haver um certo consenso quanto às suas características, não existe uma delimitação exata quanto ao período de duração do movimento. Seguindo o paradigma observado na maior parte dos estilos estéticos da História da Arte e do Cinema, o nascimento dessa corrente aconteceu gradualmente, levando algum tempo até que se observasse o aparecimento de um filme genuinamente neo-realista. E, da mesma forma, sofreu uma decadência paulatina, sem um ponto delimitado de começo ou fim.
Neo-realismo como contraponto à estética fascista
Certamente, no entanto, não seria possível falar de Neorrealismo na Itália antes da decadência do regime fascista, que vigorou de 1922 a 1945. Esta, porém, não se limitava apenas a transformações de aspecto político, mas tinha também um projeto estético abrangente e definido. O Fascismo, muito além de puro fenômeno político, trazia consigo uma ideologia estética profundamente fincada em seus valores morais e sociais — e esta era, aliás, uma característica comum às manifestações de ideologias totalitárias.

Entre as várias propriedades dessa ideologia estética, estava a representação da sociedade por meio de uma ótica moralista/positivista, muito mais adequada à legitimação do regime do que à realidade das massas. Conseqüência direta dessa visão de mundo foi a produção em larga escala (estimulada e apreciada pelo governo) de filmes melodramáticos, épicos, romanceados, construindo na tela uma representação um tanto distante da vida cotidiana da sociedade italiana.

Um dos objetivos da geração neo-realista, posteriormente, seria a maior aproximação daquilo que acreditava ser a realidade do povo, para contrapor a essa "falsa imagem" da sociedade; os neo-realistas queriam apresentá-la, e não representá-la.

O que essa vanguarda pretende colocar na tela é um registro da vida das pessoas, no momento atual, contemporâneo à produção. Não interessava mais falar de tempos passados ou das tragédias folhetinescas. O cineasta neo-realista filmará a favela, a vila de pescadores, as ruas cheias de gente nos centros das cidades. A preocupação é com o "hic et nunc", num dos momentos mais críticos da História da Itália, e os jovens diretores acreditam no cinema como forma de expor os problemas — para que sejam resolvidos.

Esse comprometimento com o "retrato da verdade" faz com que a geração que desponta a partir da invasão aliada, em 1944/45 seja identificada como um movimento que os críticos Pietrangeli e Barbaro apelidam de Verismo (do it. vero, verdadeiro). O Neo-Realismo é percebido e nomeado enquanto os filmes estão sendo feitos, ou seja, o estilo é identificado no mesmo momento de sua produção artística, e não posteriormente. No mínimo, isso significa que a Itália notou que algo de diferente estava sendo feito.

Principais autores e obras
Luchino Visconti, com seu filme "Ossessione", de 1942, lançou a primeira pá na construção desse movimento. Adaptando o romance "The Postman Always Rings Twice" ("O Carteiro sempre toca duas vezes"), do norte-americano James Cain, o diretor conseguiu retratar um país de contrastes, que destoava da representação estilizada então dominante. Isso chocou os censores que, mesmo tendo aprovado anteriormente o roteiro, engavetaram a produção, até que o próprio Duce o tivesse visto — e apreciado!

Roberto Rossellini, ainda durante a guerra — e, mais especificamente, no próprio campo de batalha — filma "Roma, Città Aperta" (1945), inserindo registros de combates verdadeiros junto à dramatização. Rodado clandestinamente, como a própria resistência dos Partisans, o filme situa-se num limiar entre encenação e documento histórico. E, ainda, peça de propaganda contra o regime agonizante. No ano seguinte, realiza "Paisà", cujos 6 episódios acompanham o trajeto dos "libertadores", do sul para o norte, retratando a convivência entre italianos e aliados estrangeiros (com pessoas atuando nos papéis delas mesmas), com seus conflitos e choques inevitáveis.

Em "Germania, Anno Zero" (1947), Rosselini visita a outra nação derrotada (e destroçada), a Alemanha, para mostrar uma realidade muito semelhante à da Itália. Submetidos novamente a uma ocupação, a restrições e a toda sorte de privações, os alemães violam os valores éticos mais primários por causa da fome, e Rossellini espelha neles a própria crise italiana. Além desses, a "base teórica" do movimento deveu muito ainda a Cesare Zavattini, que adaptou e roteirizou vários dos filmes ("I Bambini Ci Guardano", 1944) ("Sciuscià", 1946) (Umberto D., 1952) e ao produtor/diretor Giuseppe Amato, que saiu da produção ativa do período fascista para patrocinar as experiências ousadas da geração Neo-Realista.

Mas é com Vittorio De Sica que o Neo-Realismo produz uma das obras mais expressivas e emblemáticas de sua estética. O filme Ladri di biciclette (1948) contém os principais elementos do filme Neo-Realista: a temática dos problemas sociais, a criança, os atores iniciantes ou desconhecidos, a ambientação in loco, a ausência de apelos técnicos ou dramatúrgicos e ao mesmo tempo um intenso conflito na trama (também escrita por Zavattini). Pela história do homem recém-empregado que tem seu instrumento de trabalho — a bicicleta — roubado, e assim ameaçado de perder o emprego, De Sica emoldura um quadro da classe trabalhadora urbana de então, assombrada pelo desemprego.

Ramificação e decadência

O mesmo ano de 1948 vê o aparecimento de vertentes distintas do mesmo movimento, que de certo modo significam estágios paralelos de desenvolvimento.

Em "La Terra Trema" (1948, de Visconti (Francesco Rosi e Franco Zeffirelli são os assistentes de direção), pescadores da Sicília interpretam eles próprios, num filme rodado de maneira semi-documental e crua - mais, talvez, do que "Ladri di Biciclette". Mas o apelativo "Riso Amaro", de Giuseppe DeSantis, constitui-se em outra face do movimento, ainda que se situe dentro da maleável fronteira do "estilo" Neo-Realista. Para muitos críticos, porém, observa-se nesse filme o início do declínio do movimento. A estética engajada comprometida em desnudar as contradições da sociedade acaba por se submeter à "exploração comercial", o que provoca "o começo do fim do movimento que havia trazido ao cinema italiano a vitalidade artística e significação social" (Ephraim Katz).

A chamada geração neo-realista— que ainda teve diretores menos significativos como Pietro Germi, Aldo Vergano, Alberto Lattuada, Luciano Emmer, Renato Castellani e Luigi Zampa — acaba, então, sucumbindo às circunstâncias.

Na década de 1950, o cenário já é outro, o quadro de crise econômica e social parece ter sido amenizado, a televisão ganha cada vez mais espaço como mídia e, para enfrentá-la, os produtores passam a investir no cinema do puro entretenimento escapista. Um pouco mais tarde, Federico Fellini e Michelangelo Antonioni, que tinham participado do Neo-Realismo, afastam-se do Verismo ortodoxo e vão apelar à farsa exuberante ou ao drama existencial para redesenhar a Itália e suas novas questões.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Aline Kamilla e Bruna Mirella. Série: 8º Ano B. O dia da Consciência Negra

 
Aline Kamilla e Bruna Mirella. Série: 8º Ano B. O dia da Consciência  Negra

     Em 1978, era dado o passo que tornaria Zumbi dos Palmares um Herói Nacional, vinculado à resistência do povo negro, e a até hoje essa luta jamais cessou.
    Para buscarmos maior participação para com os negros, foi criado O Dia da Consciência Negra que se comemora em 20 de novembro.
  Muitos são a favor, são realizados protestos para que os negros tenham o seu lugar na sociedade e seja respeitado, não pela sua cor, mas pelos seus conhecimentos e caráter. Já outros não apoiam, pois acham que todos os dias  deveríamos respeita e conviver sem preconceitos naturalmente sem que para isso seja  necessários protestos e palestras .

Ao Movimento Negro Brasileiro o nosso respeito e apoio ao Dia Da Consciência Negra.

20 de novembro de 2014


Centro Educacional Universidade Infantil

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Filme O Pagador de Promessas



O Pagador de Promessas


Por Ana Lucia Santana  
A obra-prima do cinema brasileiro, O Pagador de Promessas, baseado na narrativa de Dias Gomes, lançado em 1962, amplamente premiado, foi roteirizado e dirigido por Anselmo Duarte. As filmagens foram realizadas em Salvador, capital da Bahia. Premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, na categoria de melhor filme, conquistou também outros inúmeros prêmios e uma indicação para o Oscar de 1963, no qual concorreu como melhor filme estrangeiro.
O Pagador de PromessasO Pagador de Promessas foi concebido em 1961, quando o cineasta Anselmo Duarte assistiu a transcrição cênica da peça de Dias Gomes, levada aos palcos por Flávio Rangel, protagonizada por Leonardo Vilar, que seria convidado também para a versão cinematográfica, e Natália Timberg.

O diretor pelejou antes de obter a permissão de Dias Gomes para a realização do filme, pois nessa época havia dirigido apenas uma produção, Absolutamente Certo.  Com certeza o dramaturgo não esperava um retorno tão bom nas bilheterias e no rol das premiações. Os direitos foram finalmente adquiridos a um custo de 400 cruzeiros, valor recorde na história das adaptações de obras brasileiras. Não foi necessário recorrer a um montante financeiro tão alto para custear o filme, que foi realizado com apenas R$ 20 milhões.

A trama é singela, porém tocante e bem entretecida. Zé do Burro, interpretado brilhantemente por Leonardo Vilar, é uma pessoa simples que, ao tentar apenas concretizar o cumprimento de uma promessa concebida em um terreiro de candomblé – levar ao longo de um caminho extenso uma cruz de grande peso -, se vê diante da intolerância da Igreja.

Zé detém uma pequena fração de terra no Nordeste brasileiro, a uma distância de 42 Km de Salvador. Quando seu grande amigo, um burro de estimação, fica enfermo ao ser fulminado por um raio, ele imediatamente sai em busca de uma mãe-de-santo ligada ao Candomblé. O dono do animal promete que se seu burro ficar bom, dará aos pobres suas terras e levará uma cruz de madeira até a Igreja de Santa Bárbara, localizada na capital da Bahia, e lá a doará ao padre responsável pela instituição.

Assim que o burro se restabelece, ele põe o pé na estrada, ao lado de sua esposa Rosa, vivida por Glória Menezes. A abertura do filme mostra Zé do Burro e a mulher alcançando a catedral durante a madrugada. Quando o padre se inteira do contexto que marcou a promessa de Zé, a rejeita imediatamente, pois aponta nela raízes não cristãs, mas sim pertencentes ao Candomblé.

É quando Zé se torna famoso na cidade, tornando-se instrumento de protesto para os adeptos do Candomblé; massa de manobra para a mídia atrelada ao sistema, que o acusa de ser defensor da Reforma Agrária, uma vez que doou suas terras aos desprovidos da sorte; e meio de reafirmação do monopólio religioso exercido pela Igreja Católica.

Um caloroso confronto com a Polícia tem início quando se tenta impedir à força a entrada de Zé na Igreja. E a trama caminha para um desfecho trágico. Tudo contribui, nesta produção, para transformá-la em um clássico do cinema brasileiro, que chegou a ser transmitido na própria Casa Branca, aclamado então pelo Presidente Kennedy em pessoa. Infoescola


Elenco
Leonardo Villar .... Zé do Burro
Glória Menezes .... Rosa
Dionísio Azevedo .... padre Olavo
Geraldo Del Rey .... Bonitão
Roberto Ferreira .... Dedé
Norma Bengell .... Marli
Othon Bastos.... repórter
Antônio Pitanga .... mestre Coca
Gilberto Marques .... Galego
Milton Gaúcho
Carlos Torres
Enoch Torres
João Desordi .... detetive
Velvedo Diniz
Maria Conceição .... tia
Irenio Simões
Walter da Silveira
Jurema Penna
Napoleão L. Filho
Alair Liguori
Cecilia Rabelo
Canjiquinha e seus Capoeiristas
Américo Coimbra


Principais prêmios e indicações
Oscar 1963 (EUA)
Indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Festival de Cannes 1962 (França)
Vencedor (Palma de Ouro) na categoria Melhor Filme.
Festival de Cartagena 1962 (Colômbia)
Vencedor do Prêmio Especial do Júri.
San Francisco International Film Festival 1962 (EUA)
Vencedor (Prêmio Golden Gate) nas categorias:
Melhor Filme
Melhor Trilha Sonora (Gabriel Migliori)

Wikipedia

Nouvelle Vague


A Nouvelle vague (Nova Onda) foi um movimento artístico do cinema francês que se insere no movimento contestatório próprio dos anos sessenta. No entanto, a expressão foi lançada por Françoise Giroud, em 1958, na revista L’Express ao fazer referência a novos cineastas franceses. Sem grande apoio financeiro, os primeiros filmes conotados com esta expressão eram caracterizados pela juventude dos seus autores, unidos por uma vontade comum de transgredir as regras normalmente aceites do cinema comercial. Wikipedia

Por Caroline Faria  

No último ano da década de 50 a premiação dos filmes “Les Quatre Cents Coups” de François Truffaut (Melhor Diretor), “Orfeu Negro” de Marcel Camus (Melhor Filme) e “Hiroshima, Mon Amour” de “Alan Resnais (Prêmio da Crítica) no Festival de Cannes, marca o início de um jeito novo de fazer cinema. A “nouvelle vague”, como foi chamado o movimento que marca um divisor de águas na história da cinematografia, principalmente, a francesa, trouxe propostas inovadoras e é marcada pelo surgimento de grandes mestres da sétima arte.
Em 1954, François Truffaut (1932-1984) publica um artigo na revista “Cahiers du Cinéma” que é considerado com o desencadeador do movimento francês. No artigo, chamado “Uma Certa Tendência do Cinema Francês", Truffaut critica o cinema clássico e também aborda a teoria da “câmera-stylo” que Alexandre Astruc (1923) havia proposto em 1948 e que propunha ser o cineasta tal qual um escritor que escreve com sua câmera.

Nas décadas anteriores podem ser encontrados alguns cineastas, como o próprio Alexandre Astruc, Jean-Pierre Melville, Agnès Varda, Roger Vadim e Loius Malle, entre outros,que, de certa forma, já vinham demonstrando um anseio pela mudança, seja por lançarem mão de uma narrativa diferente da convencional ou por seguirem a teoria de Astruc, ou ainda, por utilizarem recursos diferentes do que vinham sendo usados até então e tratar de temas considerados tabus.

De modo geral, a Nouvelle Vague foi um movimento feito por críticos de cinema que resolveram passar da teoria à prática (os principais cineastas da Nouvelle Vague, François Truffaut, Jean-Luc Godard, Eric Rohmer, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Doniol-Valcroze e Pierre Kast, escreviam críticas na revista “Cahiers du Cinéma”), embora seu caráter de “movimento” por vezes seja questionado.

A Nouvelle Vague teve reflexos também em outros países onde influenciou o surgimento de movimentos como o “Free Cinema” na Inglaterra, o cinema “Underground” de Nova York, o “Novo Cinema” Alemão e, inclusive no Brasil, onde influenciou o surgimento do “Cinema Novo” na década de 60.  InfoEscola

Juiz decreta prisão preventiva de ex-diretor da Petrobras e outros 5 na Lava Jato



Juiz decreta prisão preventiva de ex-diretor da Petrobras e outros 5 na Lava Jato
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Por Caroline Stauffer

CURITIBA (Reuters) - Um juiz federal em Curitiba decidiu nesta terça-feira decretar a prisão preventiva do ex-diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais da Petrobras Renato Duque e de outros cinco presos na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, além de decretar a libertação de 11 presos.

A decisão do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, foi tomada depois que a PF pediu à Justiça a prorrogação das prisões temporárias de Duque e de cinco executivos de empreiteiras presos na última sexta-feira na sétima fase da Operação Lava Jato. O Ministério Público havia solicitado a conversão da prisão temporária de Duque e de outros 10 envolvidos em prisão preventiva.

Tiveram a prisão preventiva decretada executivos da OAS, UTC e Camargo Corrêa.

Também nesta terça-feira, Moro determinou a quebra do sigilo bancário de Duque e de outros envolvidos na Lava Jato, além de empresas.

No pedido encaminhado a Moro, o delegado Márcio Anselmo, da Polícia Federal, argumentou que ainda não foi possível analisar todo o material apreendido na operação nem confrontar declarações divergentes dadas pelos detidos.

O prazo das prisões temporárias vencia nesta terça-feira.

O juiz expediu alvarás de soltura para 11 presos, que não poderão mudar de endereço sem prévia autorização judicial e terão de entregar seus passaportes, inclusive eventuais passaportes de outras nacionalidades, no prazo de cinco dias.

De acordo com os alvarás de soltura, eles também terão de comparecer a todos os atos processuais quando convocados. Entre eles estão executivos das empresas Iesa, Queiroz Galvão, OAS, UTC e Engevix.
O delegado citou em seu pedido uma declaração de Erton Medeiros da Fonseca, diretor-presidente da Galvão Engenharia, que teria afirmado que realizou "pagamento de vantagens ilícitas" à diretoria de Duque quando o executivo estava na Petrobras.

Em nota divulgada na segunda-feira, a assessoria de imprensa de Duque afirmou que ele disse em depoimento à PF desconhecer a existência de um cartel formado por fornecedores da Petrobras e negou envolvimento em atividades criminosas.

Também nesta terça-feira Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, se entregou na sede da Polícia Federal em Curitiba. Ele estava foragido depois de ter a prisão decretada na Lava Jato. Baiano é apontado como o operador do PMDB no suposto esquema de desvio de recursos da Petrobras.

Em depoimento à Justiça do Paraná em outubro, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em uma fase anterior da Lava Jato e posteriormente colocado em prisão domiciliar por conta de um acordo de delação premiada, disse que empreiteiras formaram um cartel e cobravam sobrepreço nos contratos com a estatal.

De acordo com Costa, parte desse sobrepreço era destinado a partidos políticos como PT, PP e PMDB e outra parte ficava com os diretores envolvidos e com os operadores responsáveis por repassar os recursos do esquema, entre eles o doleiro Alberto Youssef, também preso na Lava Jato e também em processo de delação premiada.

MAIS DELAÇÕES

Em entrevista à Reuters na segunda-feira, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que o Ministério Público tem feito sondagens com diversas pessoas e empresas interessadas em ajudar as investigações em troca de acordos de leniência ou de colaboração.

Ele disse que já foram feitos acordos para a devolução de cerca de 420 milhões de reais aos cofres públicos, mas disse esperar que esse valor cresça com prováveis novos acordos. O procurador disse também acreditar que o suposto esquema de desvio de recursos vá além dos contratos firmados com a Petrobras.

"Nós temos uma noção que nós vamos ir além da Petrobras. Isto não é um esquema que se restringe à Petrobras", avaliou.

Ele disse que o esquema pode ter atingido outras empresas públicas que contratam obras de grande valor e que demandam especialização específica, assim como as da Petrobras. Ele, no entanto, disse ser "prematuro" citar outras estatais que teriam sido alvo do esquema.

(Reportagem adicional de Eduardo Simões e Bruno Marfinati, em São Paulo)

Cinema Novo




Cinema Novo

Por Ana Lucia Santana  

O Cinema Novo nasceu em 1952, no I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e no I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro. Nestes eventos foram debatidas idéias que já tinham começado a brotar nas conversas entre jovens inconformados com a derrocada dos grandes estúdios cinematográficos paulistas. De seus desejos de ver um cinema realizado com maior realismo, mais substância e mais barato, inspirado pelo Neo-realismo dos cineastas italianos e pela ‘Nouvelle Vague’ francesa, surgiu o movimento brasileiro, intitulado Cinema Novo.
Em Portugal havia se criado uma escola, de mesmo nome, fruto de um contexto semelhante, batizada de ‘Novo Cinema’, o que garantiu ao grupo paulista um impulso criativo na mesma direção. Os jovens artistas, reunidos nos Congressos de 52, definiram novos parâmetros para a elaboração de filmes nacionais. Tem início uma nova etapa na história do cinema brasileiro, a partir do filme Rio, 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos, lançado em 1955, completamente influenciado pelo realismo italiano.

Obra de caráter popular, ela revelava as entranhas do povo para a própria população. Não havia lugar, na simplicidade desta película, para o artificialismo da fala empolada. A narrativa se desenrola em ambientes naturais, como o Maracanã, o Corcovado, as favelas, praças urbanas, retratando patifes, soldados, favelados, crianças no mundo do crime e deputados.

Os ideais do Cinema Novo logo cativaram artistas cariocas e baianos, que decidiram adotar os mesmos mecanismos. Nada dos filmes suntuosos outrora produzidos pela Vera Cruz, nenhum espaço para a alienação inerente às deliciosas chanchadas realizadas pelos grandes estúdios. O que se desejava agora era o cinema criado com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. O destaque, no Cinema Novo, é para a esfera dos conceitos, é o auge do chamado “cinema cabeça ou autoral”. Importante é refletir nas telas o real contexto brasileiro, através de uma linguagem despojada e adequada à realidade social deste período, marcada pelo subdesenvolvimento.

Na estética deste Cinema predominavam os deslocamentos lentos e escassos da câmera, os ambientes desprovidos de luxo, o destaque conferido aos diálogos, personagens principais dos filmes, muitos deles filmados em preto e branco. Na primeira etapa dessa escola, que se estende de 1960 a 1964, os cineastas se voltam para o Nordeste como fonte temática, abordando os graves problemas que afetam o sertão. São lançadas ‘Vidas Secas’, de Nelson Pereira dos Santos, e ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’, de Glauber Rocha.

Os diretores mais conhecidos neste momento são Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Paulo Cesar Saraceni, Leon Hirszman, David Neves, Ruy Guerra e Luiz Carlos Barreto.

A segunda fase, que vai de 1964 a 1968, reflete a meditação destes cineastas sobre os caminhos ditados pela Ditadura Militar para a política e a economia brasileira, as conseqüências do desenvolvimentismo adotado pelos militares. Surgem O Desafio (1965), de Paulo Cezar Saraceni, O Bravo Guerreiro (1968), de Gustavo Dahl, Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha.

A terceira e última etapa do Cinema Novo, que se prolonga de 1968 a 1972, revela o desgaste sofrido por este movimento, com a repressão e, principalmente, com a censura. As produções deste período são profundamente inspiradas pelo Tropicalismo. Recorria-se agora ao famoso exotismo nacional, com o uso de indígenas, araras, bananas, enfim, tudo que é típico das terras brasileiras. Mesmo em declínio, o Cinema Novo traz clássicos como Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, estrelado pelo genial Grande Otelo, baseado na obra-prima de Mário de Andrade.

Infelizmente não demorou muito para que os mecanismos repressivos da Ditadura Militar desbaratassem o movimento, perseguindo muitos de seus representantes, obrigados a fugir do país. Embora alguns dos veteranos do Cinema Novo procurassem se conformar ao contexto político, os mais novos rejeitavam completamente este cenário opressivo. O movimento dá lugar então ao Cinema Marginal.

InfoEscola

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Economia brasileira cresce 0,59% no 3º tri e sai da recessão, indica BC

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

 Bandeira do Brasil em frente à sede do Banco Central, em Brasília. 15/01/2014  REUTERS/Ueslei Marcelino
1 de 1Versão na íntegra
SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira acelerou o ritmo de crescimento em setembro para fechar o terceiro trimestre no azul, mostrou o Banco Central nesta segunda-feira, numa indicação de que o país deve ter saído da recessão técnica.

O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), avançou 0,59 por cento entre julho e setembro sobre o segundo trimestre, quando houve queda de 0,79 por cento sobre janeiro-março.

Só em setembro, o indicador subiu 0,40 por cento sobre agosto, quando havia subido 0,20 por cento sobre o mês anterior. O resultado de setembro veio acima do esperado pelo economistas consultados pela Reuters, cuja mediana apontava para alta de 0,14 por cento.

No primeiro semestre deste ano, a economia brasileira entrou em recessão, levando os agentes econômicos a piorarem suas projeções. Pesquisa Focus do BC mostrou que, pela mediana das contas, o PIB crescerá 0,21 por cento neste ano, muito aquém da expansão de 2,5 por cento de 2013.

O cenário de fraco crescimento vem junto com o de inflação elevada, que levou o BC a iniciar um novo ciclo de aperto monetário no final do mês passado.

O IBC-Br também mostra estagnação no acumulado do ano até setembro, com ligeira alta de 0,01 por cento, sendo que em 12 meses, tem alta de 0,60 por cento.

Apesar dos melhores números trazidos pelo indicador, a economia brasileira não consegue mostrar sinais mais consistentes de aceleração.

Em setembro, a produção industrial interrompeu dois meses seguidos de alta, ao mesmo tempo em que o varejo desacelerava a expansão.

O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.

(Por Patrícia Duarte)

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A História e a luta das Mães da Praça de Maio



Argentina

A História e a luta das Mães da Praça de Maio

“Vocês não podem ficar paradas aqui. Circulando!”, disse o militar. Sem outra alternativa que não obedecer, o pequeno grupo de mulheres reunido na Praça de Maio, em Buenos Aires, circulou. Literalmente – elas começaram andar ao redor da Pirâmide de Maio, monumento erguido em 1811 para celebrar a luta pela independência da Argentina. Ao andar em círculos pela praça mais importante da nação, aquelas mulheres não contrariavam a ordem da ditadura, que proibia a reunião de três ou mais pessoas em lugares públicos, principalmente em frente à Casa Rosada, sede do poder argentino.

Isso aconteceu no dia 30 de abril de 1977. Desde então, elas fizeram a mesma coisa, toda quinta-feira, sempre às 15h30, durante 37 anos. Por 1945 quintas-feiras, as Mães da Praça de Maio circularam a Pirâmide, numa demonstração clara de um dos lemas do movimento: “A única luta que se perde é aquela que você abandona”. E isso elas não fizeram, nem mesmo quando as três fundadoras foram sequestradas, torturadas e mortas por um grupo de militares, em dezembro de 1977.

Elas não pararam nem durante a Copa do Mundo de 1978, quando o mundo inteiro estava com os olhos na Argentina e a tensão política aumentou. Nem depois que a ditadura caiu, em 1983. Se você estiver em Buenos Aires numa quinta-feira, às 15h30, vai encontrá-las na Praça de Maio – agora já de cabelos brancos e bengalas, com idades entre 75 e 92 anos. As Mães da Praça de Maio continuam seu protesto e mostram aquilo que os ditadores tentaram esconder: o governo militar matou 30 mil jovens argentinos. O governo matou os filhos delas. E elas não se esquecem disso – e fazem questão que o mundo saiba, de modo a evitar que algo assim se repita.

Luta das mães da Praça de Maio

Como em quase todos os países da América do Sul, a Guerra Fria deu à Argentina um demônio: uma ditadura militar, que ficou no poder entre 1976 e 1983. A ditadura argentina foi a mais violenta do continente, tendo torturado operários, funcionários públicos, profissionais liberais, estudantes universitários e até estudantes de ensino médio. Assim como o regime nazista, a ditadura argentina usou campos de concentração e inovou na hora de sumir com os corpos das vítimas – se Hitler tinha as câmaras de gás e de cremação, os ditadores argentinos tinham os voos da morte.

Cerca de cinco mil opositores do regime foram arremessados vivos de aviões durante sobrevoos ao Rio de Prata, isso depois de passarem por torturas terríveis. Um dos casos mais marcantes foi o do estudante Floreal Avellaneda, que tinha apenas 15 anos. O corpo dele foi encontrado no Rio da Prata pelos militares uruguaios, assim como o de muitos outros perseguidos. A quantidade de corpos encontrada em território uruguaio foi tão grande que os militares desse país – na época também uma ditadura – reclamaram com o governo argentino. A saída? Os voos para a morte continuaram, mas no Oceano Atlântico, bem longe da costa do Uruguai.


Floreal Avellaneda


Se no início o mundo fechava os olhos para o que acontecia na Argentina (e no restante da América do Sul), a Copa de 1978, tão usada pela propaganda do regime, trouxe visibilidade para as Mães da Praça de Maio. Redes de TV e jornais de todo o mundo relataram a luta das mulheres em busca de seus filhos desaparecidos. Logo a ajuda chegou – no ano seguinte, um grupo de mães da Holanda fez uma doação às argentinas, que puderam continuar com o movimento de forma mais organizada.

As mães da Praça de Maio As mães da Praça de Maio

Quase 40 anos depois, muita coisa mudou. As Mães da Praça de Maio ganharam diversos prêmios internacionais e passaram até a fazer parte da própria praça – os panos brancos que elas usavam nas cabeças para chamar atenção agora marcam o chão ao redor da Pirâmide, numa forma de homenagem depois de tantas décadas de luta.

Mães da Praça de Maio

Os ditadores não estão mais no poder e, ao contrário do que aconteceu no Brasil, alguns deles foram julgados e presos. Jorge Rafael Videla, presidente do país durante a maior parte da ditadura, foi condenado à prisão perpétua em 1986, mas permaneceu apenas 5 anos na prisão. É que em 1990, o então presidente Carlos Menem usou o perdão presidencial para liberá-lo e vários outros líderes do governo militar.

Videla, no entanto, foi novamente julgado e condenado à prisão perpétua. Ele morreu na prisão, em 2013, um ano depois de admitir ter sido o responsável direto por 8 mil mortes. E ele ainda garantiu que não estava arrependido de nada. Os julgamentos de outros militares prosseguem até hoje. Desde o governo de Néstor Kirchner (2003 – 2007), mais de 500 envolvidos nos assassinatos foram condenados.

A luta das Mães da Praça de Maio continua, agora não apenas para buscar a condenação dos torturadores e assassinos, mas também para lutar por direitos humanos e outras causas em geral. Quando eu estive numa reunião delas, na terceira quinta-feira de julho, uma das pautas era a morte de milhares de palestinos na Faixa de Gaza.

Elas têm programas de rádio, organizam manifestações e até criaram uma universidade. “Não aceitamos nenhum cargo político, mas fazemos política. Não somos um órgão de direitos humanos e nem uma ONG, somos uma organização política, sem partido”, explica Hebe de Bonafini, umas das fundadoras do movimento.

As mães da Praça de Maio

Além disso, elas trabalham pela reconstrução de suas famílias. O grupo Avós da Praça de Maio tem estreitas ligações com o grupo das Mães. Na última semana, as Avós anunciaram a recuperação de mais um bebê sequestrado durante a ditadura, justo o neto da presidenta do movimento. Acredita-se que centenas de bebês argentinos, todos filhos de opositores do regime, foram sequestrados e hoje vivem com outra identidade e sem saber de seu passado. Em muitos dos casos, esses argentinos vivem em famílias de militares, que tomaram as crianças como despojo de guerra.

Testemunhar uma caminhada das Mães da Praça de Maio é como visitar um monumento que relembra as atrocidades do nazismo, em Berlim. Não, não é algo legal de se ver. É triste, uma experiência que dá um tremendo nó na garganta. Mas há beleza nessa história também, nem que seja de ver que elas não desistiram da luta. Elas continuam. Mesmo sabendo que provavelmente nunca vão recuperar os restos mortais de seus filhos, mesmo tendo a certeza de que nunca saberão o que realmente aconteceu com eles. Até a vitória.  Sempre.