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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Desemprego no Brasil sobe em março e inflação reduz renda do trabalhador




Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 25 Abr (Reuters) - O desemprego no Brasil subiu ligeiramente no mês passado, com o mercado de trabalho mostrando perda de dinamismo, ao mesmo tempo em a inflação começou a corroer a renda do trabalhador brasileiro, mostraram dados divulgados nesta quinta-feira.
A taxa de desemprego atingiu 5,7 por cento em março, menor patamar histórico para o mês, ante 5,6 por cento em fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de ser o menor resultado para março, a taxa de desemprego foi a maior leitura registrada desde junho do ano passado (5,9 por cento) e completou três meses seguidos de alta, algo que normalmente ocorre após as festas de final de ano, quando há dispensa de temporários.
"A economia não reage e não se aumenta a força de trabalho", disse a jornalistas o pesquisador do IBGE Cimar Azeredo.
A taxa ficou abaixo do esperado em pesquisa da Reuters e igualou a menor projeção. A mediana das previsões de 25 analistas apontava para alta a 5,9 por cento, com as estimativas variando de 5,7 a 6,1 por cento.
Segundo o IBGE, a ligeira alta no desemprego em março se deve tanto à redução nas contratações quanto ao aumento na desocupação, que são as pessoas que estão procurando ou perderam emprego.
A população ocupada recuou 0,2 por cento em março na comparação com fevereiro, mas cresceu 1,2 por cento ante o mesmo período do ano anterior, totalizando 22,922 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas avaliadas.
A população desocupada, por sua vez, chegou a 1,373 milhão de pessoas em março, alta de 1,2 por cento ante fevereiro, mas queda de 8,5 por cento sobre um ano antes.
Outro fator que chamou a atenção foi o índice de inatividade, quando as pessoas desistem de procurar trabalho, que cresceu 0,5 por cento em março. Em fevereiro, a taxa já havia expandido 1 por cento.
Esse fenômeno ficou concentrado em São Paulo, segundo o IBGE, região mais importante da pesquisa e com participação de cerca de 40 por cento no mercado de trabalho. Nela, embora a taxa de desemprego tenha caído para 6,3 por cento em março ante 6,5 por cento em fevereiro, houve forte dispensa e crescimento na inatividade.
A população ocupada em São Paulo caiu 1,5 por cento em março ante fevereiro e a desocupação avançou 4,4 por cento. Parte desse contingente foi para a inatividade, que aumentou 2,1 por cento.
"São Paulo teve movimento inesperado e a luz amarela foi acesa", destacou Azeredo. "Se houver uma queda na população ocupada e aumento da inatividade, especialmente em São Paulo, passa-se a ter um problema no mercado."

RENDIMENTO X INFLAÇÃO

O rendimento médio da população ocupada caiu 0,2 por cento no mês passado ante fevereiro, ao atingir 1.855,40 reais, já afetado pela inflação elevada no país. Em janeiro, o rendimento havia crescido 1,2 por cento, após duas quedas em novembro e dezembro, acrescentou o IBGE.
"Por trás disso, há aumento da inflação, que vem corroendo (os ganhos). O que ocorre também é perda do poder de compra do trabalhador", completou Azeredo.
A inflação tem permanecido em patamares elevados e chegou a estourar o teto da meta do governo, de 6,50 por cento ao ano. Em março, o IPCA registrou alta 6,59 por cento em 12 meses e, em abril, o IPCA-15 --sua prévia-- mostrou avanço de 0,51 por cento, acumulando 6,51 por cento em 12 meses.
Por outro lado, avaliam economistas, embora o baixo nível do desemprego no país evidencie que a recuperação frágil da economia tem pouco impacto sobre o mercado de trabalho, ele ajuda a manter a pressão sobre os preços.
"O mercado de trabalho está aquecido, o que é bom para a retomada econômica. Mas, para efeitos inflacionários, mantém o risco elevado", avaliou o economista-chefe da Votorantim Corretora Roberto Padovani.
O Banco Central destacou nesta quinta-feira, por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho, e ponderou que "um risco significativo reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação."

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